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Crítica | Um Olhar do Paraíso

Ao assistir Um Olhar do Paraíso não pude deixar de constatar que as vezes existem livros que não foram feitos para serem adaptados para o cinema, independentemente do talento envolvido, e a obra homônima de Alice Sebold parece ser um destes casos. Outra constatação que pude fazer é que mesmo almejando muito em sua longa, mas não cansativa, narrativa, o novo filme de Peter Jackson sempre consegue para cada acerto um erro um pouco maior. A história gira em torno de uma garota, que na década de 70, quando não existia o sinal de alerta da pedofilia e o mundo era menos desconfiado, é assassinada (e certamente estuprada) por um morador da sua rua. Do céu, ela assisti sua família experimentar o luto, e permanece naquele novo mundo atormentada com a sombra do seu assassino.

De talento inquestionável, Peter Jackson acerta em tudo na primeira hora, em especial no primeiro ato que estabelece a família Salmon e com isto cria uma intimidade que será fundamental para nos importarmos com o destino da jovem Susie Q (Saoirse Ronan). Este momento serve ainda para conhecermos George Harvey (Stanley Tucci, indicado ao Oscar por este papel), excessivamente metódico e perfeccionista – lugar-comum para serial killers, bem verdade -, e observe como tudo na sua casa parece perfeitamente organizado, e não é surpresa que ele tenha um hobby tão minucioso. Jackson acerta no belo plano, em que Susie vê a sua rua, fotografada com cores quentes e iluminada, e ao seu lado o milharal que George a convida conhecer, escondido em uma bruma escura e amedrontadora. Finalmente, o claustrofóbico alçapão onde George mata Susie é concebido com brinquedos aparentemente infantis, mas de natureza assustadora, o que destaca ainda mais a direção de arte.

Findo o primeiro ato, o filme investe em uma passagem elegante de Susie para o pós-vida, e a ausência de cores e o som falho ilustram claramente a confusão dela nos momentos que sucedem sua morte. Porém a partir deste momento a narrativa começa a ir ladeira abaixo. Mesmo que a concepção do céu de Susie seja bela de ser ver, ela acerta e erra muito em função de seus efeitos especiais. Bom quando as coisas do mundo real ressoam em seu mundo, como na cena dos barcos do seu pai ou quando George se livra do pingente de Susie jogando-o ao mar. Pior em um desnecessário interlúdio que mostra sua adaptação àquela situação.

Com boas transições, como o apagar de uma vela que revela a natureza sombria da empreitada de George ou a abertura de uma porta na casa-modelo, Jackson falha ao ver seu vilão por detrás do fogo em um recurso barato e simplório aquém do seu talento como cineasta.

O elenco tem decisões incompreensíveis: a investigação do pai de Susie (Mark Wahlberg) soa artificial e estranha para ser levada a sério; a fuga da mãe (Rachel Weisz), para colher maçãs, além de uma covardia, é inverossímil; e a avó (Susan Sarandon), mais parece um adereço em cena, fumando, bebendo, bagunçando – sendo concebida para gerar apenas alguma alegria

Um Olhar no Paraíso é falho, em especial o terceiro ato desastroso com uma resolução pífia. Além disto, Jackson traí a premissa e o decorrer do céu de Susie mostra-se descartável. Enfim, ao almejar muito alto, o filme erra tanto quanto acerta, logo é apenas uma obra mediana de um excelente diretor.

Avaliação: 3 estrelas em 5.

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12 comentários em “Crítica | Um Olhar do Paraíso”

  1. Olá Márcio,

    Permita-me um breve comentário..ok?
    Seguinte: Ao ler seu comentário achei bem interessante, pois senti essas mesmas sensações quando estava assistindo ao filme, tipo: O primeiro ato prometia uma trama bem interessante, porém concordo plenamente quando você diz que após a morte da Susie,a narrativa veio a ficar sem nexo… _teve momentos em que senti até sono..porém fui até o final pra ver no que ia dar!
    Porém o momento mais "forçação de barra" que achei foi quando a irmã de Susie encontrou o "álbúm" com as fotos das vítimas debaixo do chão..meu Deus..!! _como que numa casa enorme daquela.. a menina iria achar aquilo? ainda mais numa suposta "tensão"em que ela aparentava demostrar? ai ai ai.. deu vontade de ir embora nessa hora!

    Eu dou 2 pra esse filme, sem medo de ser feliz!

    Um abraço!

    Sylene

  2. Sylene, acho que o Jackson se perdeu em algum momento, mas ainda assim fui condescendente por causa do bom primeiro ato! Agora suspeito que muitos dos problemas sejam oriundos do livro – e não planejo que isto seja desculpa do filme.

  3. Eu acho que as impressões sobre o filme mencionadas acima tem muito mais a ver com a visão de "além da vida" de seu autor. Passa a impressão de que ele gostaria de vê-las no filme.
    Acabei de assistir e vim buscar impressões na net. Ao ler este post, concordo com algumas posições, mas penso que a opção pela leveza feita em alguns momentos direciona para um público específico, em que o autor não se encaixa. Mas acredito que o filme, como tudo neste mundo, cumpre seu papel e tem seu lugar.

  4. Avatar
    Emille Eduarda Franco de Azevedo

    Sinceramente, eu dou 3/10 pra esse filme. No início achei bem interessante, ele promove sensação de tensão, medo e tristeza no telespectador. Outra coisa positiva foi os momentos sobrenaturais que aconteceram, pois apesar de ser meio sem nexo com a realidade, trazia cenas interessantes e bonitas. Mas, o filme não foi bem desenvolvido e em cenas que nem eram sobrenaturais, ficaram sem lógica. Momentos como: Como uma pré-adolescente de 13 anos aceita ir em um local subterrâneo junto com o vizinho(que nem eram íntimos e ele já sendo velho) no meio de uma plantação????? Até uma criança de 5 anos teria medo( e ainda tem aquele papelzinho que voou uns 3 km até chegar no assassino KKKKKK). Agora se fosse uma casa na árvore ou algo mais provocante, seria mais convincente. Sem falar que, os pais não se importaram tanto com a morte da filha, sendo que descobriram o local com sangue e o chapéu dela. A MÃE foi embora e deixou os outros dois filhos, porque o pai tava querendo descobrir quem foi o assassino ( Eu fiquei: ?????). E depois da irmã descobrir, eles não acionaram a polícia, nem nada. O cara teve tanto tempo, que foi deixar o corpo da Susie naquele local( e pagou pro cara desse local jogar o cofre, com a Susie dentro, fora e o cara nem sequer indagou o que havia dentro do cofre pro assassino querer dar dinheiro). Além disso, o assassino deixou na cara e riu pro pai da Susie de que foi ele que matou e depois, era como se nada tivesse acontecido e ninguém acreditou no pai dela. Agora a IRMÃ DELA, o que foi aquilo??? A menina, num casarão, acha exatamente o local onde está as fotos da Susie e, ainda por cima, ouve o assassino chegando e fica folheando folha por folha com a porta aberta. Ela nem sequer apresentava um pingo de tensão. Ela cai de um telhado baixo e mal consegue se levantar. E ela NÃO quis entregar o álbum pros pais dela, porque não queria que os pais se separassem de novo e ficassem tristes. Nesse momento eu fiquei com mais raiva dela do que do assassino e chocada o quanto foi forçado. Além disso, aquela garota que se conecta com o mundo : o que aquela menina fez durante o filme todo? Só existiu e nada mais. Ela pressentia e não fazia nada, não falava nada. E no final, A Susie encorpora a garota que pressentia as coisas e faz o que? Diz onde o corpo dela está? NÃÃO, ela prefere dar o beijo.Eu achei fofo, mas nem tanto, porque fisicamente não era ela, mas, sim, a outra. E Por fim, o assassino, que além de rir da cara do pai da Susie, e ter tido tempo de pegar as roupas dele e jogar a Susie naquele monte de sucada após ser descoberto(ELES ERAM VIZIIINHOOOS E NEM FORAM LÁ), ele era TOTALMENTE CERTEIRO E INTUITIVO. Ele entra na casa desconfiado que já tem alguém lá, fala com o pai dela já sabendo que ele desconfia, e é assim o filme todo. Ele cava um local subterrâneo como se realmente fosse dar 100% certo e pior que dá KKKKKKK. Enfim, indignada.

  5. Bombo o filme 3 vezes ,realmente do meio pra lá o filme fica muito confuso . Da pra sentir a dor do pai até o meio do filme . A Susie é apaixonante ,mais realmente a parte do buraco no chão foi fácil de mais ,a parte do céu é linda . Mostra com o cada um se sente ! Eu achei graça a parte que o pai descobre que o vizinho a matou pq poderia ter feito mais na hora ,a irmã achei normal mais gostei das cenas .
    Do meio pro fim o filme toma uma direção ruim pq tem muitas brechas para saber onde está o corpo e não fazem, o sonho da garota em ser beijada atrapalha ela dizer onde está o corpo . E um filme que se passa nos anos 70 então é normal o jeito que a família se afasta um do outro é com o o pai fica perdido ,mais achei o final o pior de todos ,da parte que o cara joga o corpo no buraco a menina espírita deveria conta pro pai que sentiu a Susie lá é vermos achando o corpo aí sim ela poderia ir pro ceu . Tendo que todas as outras vítimas foram encontradas . Claro que na vida real nem tudo são resolvidos mais o filme prescisava de mais respostas . O assassino morre muito rápido e o final é daqueles que agente queria mudar nos filmes . Eu gosto muito do filme daria uma nota 6/10 por todo um contexto e por ver muita coisa boa ,mais entendo que muito dos erros sao do livro é não só filme ! Mais recomendo pra todo verem principalmente pq é dos anos 70 onde ainda não era normal isso acontecer, e por isso o pai sofre tanto perdido ! Mais que aquela menina que vê poderia ter mudado muita coisa pro bem do filme isso sim!!!!

  6. Primeiramente, este filme deveria ser classificado como pertencente ao gênero de terror. Trata-se de um filme perturbador e aterrorizante, principalmente aos olhos de quem têm filhos. Em que pese o seu elenco de estrelas dirigidas por um renomado diretor, o filme mostra apenas a família da vítima sofrendo uma dor indescritível de não poder encontrar o corpo da sua amada filha que foi terrivelmente assassinada.

    Como se não bastasse, ninguém consegue desvendar os crimes e deter o maníaco. Sem dúvida alguma, é o pior filme desse diretor. É inacreditável que Peter Jackson tenha se prestado a dirigir um filme com um roteiro tão ruim no qual o mal é vitorioso e triunfante, enquanto as famílias das vítimas sofrem dolorosamente. Como dito, a jovem não foi a única a ser barbaramente assassinada.

    Não foi feita justiça humana, e nem divina. Os belíssimos efeitos especiais, elenco, produção e direção não conseguem encobrir o roteiro detestável, e nos deixa com um sentimento de angústia e revolta diante do sofrimento daquela família.

    Inclusive, coloquei esse filme na minha lista de piores filmes que já assisti, dentre os quais figura também “O Labirinto do Fauno”. Ao invés de “Olhar do Paraíso”, o nome do filme deveria ser “Um Olhar Para o Inferno”.

    Eu não gostei desse filme, mas há quem goste.

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