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Crítica | A Jovem Rainha Vitória

A Era Vitoriana é um dos períodos mais importantes da monarquia do Reino Unido e o mais longo tendo durado 64 anos. No entanto, longe de retratar grandes eventos como a incorporação da Índia, este A Jovem Rainha Vitória preocupa-se com a ascensão repleta de intrigas da jovem rainha, à época com 18 anos, ao trono britânico e o seu romance e posterior casamento com seu primo, o príncipe Albert.

Reproduzindo com inteligência e habilidade a instabilidade política fruto do temor do instituto da regência – quando um aspirante à monarquia era impedido temporariamente de assumi-lo, seja pela idade, seja por alguma moléstia -, o roteiro de Julian Fellowes apresenta Vitória (Emily Blunt), completando seu 17° aniversário, e a obsessão de Sir John Conroy (Mark Strong, se tornando o vilão habitual inglês) de se tornar regente. Mas o apoio e o amor incondicional de seu tio, Rei Guilherme (Jim Broadbent em uma curta, mas bela interpretação) e a dúbia dedicação de Lorde Melbourne (Paul Bettany) impedem a concretização dos planos de Conroy.

Dirigido por Jean-Marc Vallée, a narrativa economiza na exposição e mantém os propósitos de cada personagem em destaque. E apesar de ter o plano em que Conroy é visto por detrás das chamas de uma lareira – lugar-comum para registrar a natureza diabólica de um personagem -, ele cria uma boa rima narrativa ao vermos, em dois momentos distintos e importantes, Vitória acompanhada pela câmera por trás de si.

Mas, como na maioria das produções de época, são a direção de arte e os figurinos quem roubam a cena: ilustrando traços marcantes da personalidade dos personagens, como a jovialidade de Vitória, a ingenuidade de Albert e a sobriedade de Conroy, os figurinos de Sandy Powell, ganhadora do Oscar, são além de belos, reveladores. Não menos inspirada é a direção de arte de Patrice Vermette, com seus amplos salões e vultuosas fachadas, mas especialmente na cena da coração que pontuada pela hipnotizante trilha de Ilan Eshkeri é um dos melhores momentos do longa.

Já a bela Emily Blunt impressiona cada vez mais com outra boa interpretação. Retratando a rainha como uma garota mimada e intransigente, recém livre do confinamento a que era submetida, porém facilmente manipulável, Blunt atesta o progressivo amadurecimento político e emocional da nova regente. E se Paul Bettany confere um grau de insegurança quando o Lorde Melbourne está em cena – necessário para que sempre duvidemos de seu caráter -, Rupert Friend é apenas enfadonho como Albert, na única atuação destoante do elenco.

Suntuoso na recriação de época ao ponto de tirar o fôlego e homogêneo no calibre das atuações, A Jovem Rainha Vitória falha somente no ritmo frouxo, na mudança de interesses de alguns personagens que não soam naturais e na insistência em retratar a história de amor de Vitória e Albert quando seria melhor manter o tom de intrigas políticas na sucessão da monarquia. Ainda assim, um bom filme.

Avaliação: 3/5

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