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Crítica | Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas


Revisitar o universo bucaneiro do pirata Jack Sparrow é uma experiência recheada de boa nostalgia e, mesmo passados 8 anos, recordo-me como se fosse hoje do primeiro encontro com o personagem imortalizado por Johhny Depp, caminhando despreocupadamente do maestro do seu navio até a terra firma enquanto seu navio naufragava lentamente. Porém, apesar de alavancar a carreira do astro e lhe render uma indicação ao Oscar, nenhum dos filmes da trilogia original dependia exclusivamente do talento e carisma do ator, funcionando muito bem em quesitos como direção, roteiro e demais atuações. Portanto, é com pouco pesar que afirmo que Navegando em Águas Misteriosas seja o primeiro exemplar da franquia abaixo do nível do mar justamente por depender apenas do obtuso, traiçoeiro, perigoso e engraçado (anti-)herói para funcionar, sendo um esforço entediante no restante do tempo que ele não está em cena.

Aborrecido como poucos, sequer há alguma cena de ação memorável como a luta dentro de uma roda em movimento de O Baú da Morte, e mesmo o tenso ataque das sereias se mantém na memória porque é finalizado abruptamente. Além disso, no primeiro momento em que ouvimos a famosa trilha de Hans Zimmer no instante em que Jack está empenhado em comer um donuts, ela mal se compara com a fuga do pirata da forca de A Maldição do Pérola Negra. Sem criatividade alguma, a narrativa torna a reencenar momentos melhores de episódios anteriores e a primeira luta de Jack e Angélica (Penélope Cruz) remete instantaneamente à primeira entre Will Turner e o pirata.

Outra coisa que aprendemos na franquia original é que a ação é bem melhor em terra firma do que nos convés dos navios e boa parte desta produção se passa inteiramente no mar alternando entre os grupamentos que buscam a fonte da juventude: os espanhóis que pouco dizem a que vieram, introduzindo um contexto religioso desnecessário no já fraco roteiro de Ted Elliot e Terry Rossio; os ingleses comandados por Barbossa (Geoffrey Rush); e os marujos de Barba Negra (Ian McShane). E essa fase aquática é prejudicada pela repetição e nem o motim no Vingança da Rainha Ana consegue disfarçar os bocejos.

Por falar no barco de Barba Negra, é decepcionante como ele empalidece diante do Holandês Voador (dos dois episódios anteriores). Enquanto este contava com uma direção de arte cuidadosa e atenta aos detalhes, revelando inclusive um marujo que era um pedaço integrante do navio; o Vingança do Rainha Ana, apesar de escuro e assustador, com suas grandes e imponentes velas negras, remetendo ao inferno nas chamas e labaredas sugeridas na sala do capitão, e seus marujos zumbis, perde a oportunidade de se destacar, revelando apenas em um singular momento o potencial destrutivo das cordas que ganham vida ou do lança-chamas dianteiro, o que é frustrante.

Barba Negra também surge como um vilão despersonalizado e enfraquecido diante dos talentos inatos de Jack Sparrow. Se antes, os vilões eram praticamente imortais – Barbossa era um morto-vivo, assim como Davy Jones de certa forma – Barba Negra é exatamente o contrário, tendo inclusive um prazo de validade na profecia de que morrerá por um homem de uma única perna (e a falta de imaginação do roteiro em fugir do óbvio compromete até mesmo essa revelação). Essa fugaz chama de vida pouco ajuda a fazê-lo um rival à altura da narrativa, e ironicamente deveria torná-lo obstinado em concretizar seus planos – oportunidades não faltavam, como o boneco zumbi usado misteriosamente só uma vez e a espada que controlava o navio.

Mal escalado na direção, Rob Marshall pode ter um bom timing cômico, como ao revelar a captura de Jack Sparrow por soldados ingleses através da ampliação pouco a pouco da profundidade de campo, ou mesmo no instante em que o pirata convencer os marujos a realizar um motim, mas falha miseravelmente em manter um ritmo constante e entregar boas cenas de ação. Abandonando no mar conceitos interessantes – o vodu, a zombificação jamais usada, o armário de barcos engarrafados, a subtrama religiosa e mesmo o esqueleto de Ponce de León que não deixa de acompanhar o mapa -, Marshall nem sabe a relevância da história de amor do missionário interpretado pelo (chato) Sam Clafin e a serei Serena, transformando-a em uma versão reducionista do sacrifício de Will e Elizabeth anteriormente.

Mal fotografado por Dariusz Wolski, e o 3D torna tudo pior, as vezes mal se idenfica o que está acontecendo em tela e sequer as luzes de vela e um farol permitem decifrar o rosto dos personagens em cena.

Por sua vez, Johnny Depp novamente é charmoso e carismático, enquanto mantém o ardil e sagacidade de alguém que sempre tem uma saída improvisada, salvando do naufrágio este quarto exemplar desde o reverente momento inicial. Junto a ele, Penélope Cruz funciona por sua beleza e sensualidade e Geoffrey Rush novamente se diverte com o sadismo de Barbossa.

Com bons efeitos especiais – nada mais do que a obrigação de uma superprodução -, e a presença de Johnny Depp, Navegando em Águas Misteriosas cumpre seu objetivo de reviver a nostalgia da franquia mesmo que os grandes furos no seu casco lhe deem o mesmo destino do pobre barquinho lá do primeiro episódio.

P.S.: Após os créditos, no fim mesmo, uma cena revela o destino de um personagem.

Avaliação: 2 estrelas em 5.

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1 comentário em “Crítica | Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas”

  1. eu achei q esse filme seria mio fraco eu ainda nen o assisti mais só pelo trailer fikei decepcionado

    naun vi nada q me chamasse a atenção como nos outros filmes

    depois da terceita franquia é raro o filme que matem uma qualidade

    o jack enfrenta adversarios que não se comparam ao barba negra

    barbasso é imortal no primeiro filme

    e davi jones é o mestre do mar

    e derrepente ele baxa o nivel pra um vilão que não faz jus ao nome do filme

    realemten não gostei : /

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