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Crítica | Velozes & Furiosos 5 – Operação Rio


Bastam 5 minutos para que o diretor Justin Lin revele o que pretende com Velozes & Furiosos 5. Mais do que carros turbinados, perseguições em alta velocidade e stunts absurdos e divertidos, esta descartável continuação (outras duas vêm aí) é um manifesto escancarado contra a física, o bom senso e a lógica. Em um instante, carros pilotados por Brian O’Connor e Mia causam o capotamento de um ônibus de transporte somente para resgatar Dominic Toretto que havia se entregado à polícia no episódio anterior. Registrando o evento, um jornalista, atônito e incrédulo, narra a fuga espetacular e confirma que ninguém havia morrido. Aos espectadores, parabéns, vocês testemunharem um dos resgates mais estúpidos da história do cinema bem antes de surgirem os créditos iniciais, provando que a mesma gasolina que abastece há 10 anos os motores dessa franquia não corre no cérebro dos seus realizadores

Mesmo assim, a narrativa é atraente ao usar os morros cariocas como locações, ou ao menos era o que pensávamos. A cidade maravilhosa, as praias, as ruas e a favela são inconfundíveis, mas que Rio de Janeiro é este cuja fachada de um hotel tem escrito Bienvenidos e no qual um trem de passageiros (você leu bem, um trem!) cruza uma paisagem desértica? Será mesmo que os carros da polícia civil carioca são possantes turbinados adaptados com nitroglicerina e que no Leblon haja casebres das regiões mais pobres? Incapaz de fazer a menor pesquisa para evitar esses furos, o roteirista Chris Morgan adaptou a cidade maravilhosa a seu brilhante texto e não o contrário, revelando soberba, ignorância e desrespeito. Na verdade, ele parece contaminado por Tropa de Elite ou Cidade de Deus, apresentando sempre uma cidade corrupta, na qual todos os policiais são comprados pelo criminoso Reyes e é necessário um destacamento do Bope para desmantelar a quadrilha.

Acrescentando um novo personagem à franquia, o anabolizado agente Hobbs (Dwayne “The Rock” Johnson, a versão norte-americana do Capitão Nascimento) com direito ao seu próprio caveirão, a produção encontra na briga entre Vin Diesel e The Rock um dos melhores momentos do filme. Mas a entrada do FBI também sinaliza o deslocamento do foco da narrativa: enquanto antes, vinha em primeiro lugar a realização do sonho molhado de todo adolescente com carros turbinados, adrenalina e mulheres semi-nuas, neste episódio, o filme assume categoricamente ser um pseudo-Onze Homens e um Segredo, em que a formação de uma equipe, o planejamento de um roubo ousado e a realização deste através de corridas de carro.

Se isso representa uma evolução na franquia, por outro lado, para funcionar seria necessário um escritor mais inteligente. Pois se estupidez combina com a arquitetura de um assalto, então raxas rimam com legalidade. Mesmo que consigamos ignorar a absurda ação dentro do trem e a divertida fuga de dois carros arrastando um cofre pelas ruas movimentadas do Rio de Janeiro, a narrativa é conveniente demais a seu bel-prazer. Quando aquele mesmo cofre surge no esconderijo dos anti-heróis, um personagem imediatamente questiona “Como você conseguiu o cofre?”. Sem alguma explicação razoável e trapaceando o espectador, o roteirista ainda obriga Han a retrucar “Eu tive uma vida antes disto”. A preguiça do texto se traduz na maneira como o bando obtém a impressão digital de Reyes (havia meios mais simples) e no caminhar em câmera lenta da equipe rumo à câmera acenando ao cinema de Michael Bay.

Felizmente, o diretor Justin Lin tem um bom olhar para a ação, evitando que tudo se resuma a um amontado de cortes incompreensíveis. Na perseguição nos telhados da favela, o diretor faz um trabalho correto de decupagem inserindo um plano amplo para revelar a geografia da cena e a disposição dos personagens. Já na emboscada, cortes secos, mudanças de enquadramento e efeitos sonoros ilustram a desconfortável surpresa daquele momento, escusando o diretor de uma cena anterior de mau gosto passada em um banheiro policial.

Revisitando personagens dos outros episódios, Velozes & Furioso 5 falha em encontrar frases de efeito suficientes para todos. Se Vin Diesel, Paul Walker e Jordana Brewster (ela é brasileira, interpreta uma americana e fala português perfeitamente; estranho) conhecem os atalhos das composições e se permitem doses de charme e opulência adequados, Tyrese Gibson, Ludacris, Matt Schulze, Sung Kang e Gal Gadot são coadjuvantes desperdiçados e sem a menor graça. Enquanto isto, Dwayne Johnson se diverte na pele de um policial brucutu, embora mantenha a compostura e feição séria, e é incrível como as ações irracionais não provocaram um incidente diplomático entre Brasil e Estados Unidos.

Isto é o que se consegue com abundância de testosterona no sangue: a virilidade e a estupidez disfarçada de seriedade.

Avaliação: 3 estrelas em 5.

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4 comentários em “Crítica | Velozes & Furiosos 5 – Operação Rio”

  1. Inveja mata!!! O filme é legal e pronto! não precisamos saber qual a cor da meia que Paul na filamgem ta usando ou se a calibragem do pneu da blazer da policia localizada na cena nº77-B está correta ou não! apenas precie as cenas e morra de vontade de fazer igual!

  2. Pedir pra V&F ser realistico é igual a fazer o mesmo pedido para o NFS. Não seria seria bom se não fosse desse jeito. Se quiser realidade compra um PS3 e vai jogar grand turismo.

    Me pareceu que esse filme tentou pegar a onda de tropa de elite 2 (que barra qualquer filme de ação do estados unidos) e a notabilidade que o Brasil ta ganhando com a copa e a olimpiada.

  3. Você me entendeu errado.

    O mais divertido de V&F é justamente o absurdo da falta de realismo das perseguições de carro (arrastar um cofre de toneladas pelas ruas do Rio é sim o melhor momento do filme, por mais impossível que ele seja).

    Mas, um filme sobre carros estúpido é uma coisa. Um filme sobre roubo estúpido é outra. Imagine se em Onze Homens e um Segredo algum personagem dissesse "eu tive uma vida antes disso" para justificar algo importante na narrativa e que o roteirista não conseguia desenvolver?

  4. sinceramente concordo com o critico

    o marcio acerto

    po vei os kara vem faze um filme no brasil

    e zua agente colokandu cartaz de mexicano

    e outras coisas q nun tem nada a v com o brasil

    entaun gravo aki pra q ?

    assisti o filme do hulk q foi feito no rio de janeiro

    os kara fala portugues d verdade e naun mexicanos falandu tudu torto

    os kara q posto os comentario acima

    é nego sem intiligencia q curte v os karro e pronto acabousse

    e q pensa :

    o filme é famoso eu gosto adoro modinha.

    da proxima vez q alguem vie faze filme no brasil espero q naun manchem

    o nome do lugar com coisa absurda

    como um trem no meio do deserto

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