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Crítica | Os Smurfs

Os Smurfs (The Smurfs, 2011, Estados Unidos). Direção: Raja Gosnell. Roteiro: J. David Stern, David N. Weiss, Jay Scherick, David Ronn. Elenco: Hank Azaria, Neil Patrick Harris, Jayma Mays, Sofia Vergara, Jonathan Winters, Katy Perry, George Lopez. Duração: 103 minutos. Cotação: 2 estrelas em 5.

Criados em 1958 pelo ilustrador belga Peyo e exibidos na televisão brasileira desde a década de 80, Os Smurfs ganham o seu primeiro longa metragem com a grande vantagem de poder apelar às novas gerações, ansiosas por um novo produto infantil e os brinquedos e temas de festas de aniversários resultantes, e aos pais que, muito mais do que somente acompanhar os filhos, também poderão reviver um período áureo das suas infâncias.

É triste, portanto, que este produto requentado divida o mesmo filão dos live action Alvin e os Esquilos ou Rebeldes sem Páscoa, do que em uma viagem nostálgica às raízes da série oitentista. Realizando a necessária introdução para situar os mais jovens, ao mesmo tempo em que revive por pouco mais de 15 minutos o desenho clássico, somos apresentados às principais características da vila Smurf: a festa da lua azul, as frutas smurf, o porquê deles serem batizados por sua personalidade e o desejo do feiticeiro Gargamel de capturar todos para se transformar no maior feiticeiro de todos (apesar de, aparentemente, o vilão não ter concorrência alguma).

Feitas as devidas apresentações, Gargamel descobre o paradeiro do mundo mágico dos Smurfs que, na fuga, acabam se separando. Perdido na floresta, Desastrado é seguido por Papai Smurf, Smurfete, Arrojado, Ranzinza e Gênio e entram em um portal mágico que os levam a Nova York. Refugiando-se na família Winslow, os pequeninos têm que descobrir um jeito de reabrir o portal e retornar ao mundo mágico enquanto fogem das investidas de Gargamel.

Adotando a cômoda e segura estrutura narrativa dos filmes mencionados anteriormente, os Smurfs provocam o choque imediato em Patrick (Neil Patrick Harris) e Grace (Jayma Mays) para depois conquistar o apego do casal. Evitando arriscar-se muito, o roteiro escrito a oito mãos fogem dos conflitos que poderiam revelar a existência dos Smurfs, e nesse sentido, a cena em uma loja de brinquedos é a única desculpa que eles encontram para apresentar os personagens a uma universo maior do que uma residência, o que é decepcionante.

Incapaz de arrematar as poucas boas ideias, o roteiro desperdiça a trama envolvendo Gargamel e a loja de cosméticos Anjelou acaba abandonada prematuramente depois de um almoço em um restaurante chique. Analogamente, as tentativas de acrescentar conflitos no relacionamento dos Winslow são frustrantes e nem a gravidez de Grace tem alguma justificativa narrativa salvo associar o cuidado aos Smurfs perdidos com a ideia de paternidade, o que é completamente absurdo.

Dirigido por Raja Gosnell que, ao menos tem experiência com comédias infantis, como Scooby-Doo ou Perdido pra Cachorro, a aventura foge da zona de conforto, sobretudo no sequestro do papai Smurf ou no duelo final contra Gargamel. Além disso, a direção encontra espaço para incluir algumas sutis chamadas de publicidade, em tons azuis evidentemente, como o Blue Man Group e o Blu Ray, mas derrapa na embaraçosa cena de Guitar Hero.

Com uma transição elegante dos desenhos para a animação contemporânea, os Smurfs ganham detalhes como as rugas do Papai Smurf, o branco mais desgastado das roupas e as sardas no rosto de Desastrado. E se a recriação da vila dos Smurfs acerta na riqueza de detalhes e cores, o aspecto técnico das interações entre os humanos de carne e osso e os Smurfs padece especialmente nos nada convincentes momentos em que Patrick abraça os pequeninos.

Mas, o destaque da produção é mesmo Hank Azaria que abraça a caricatura na composição exagerada de Gargamel e construindo um vilão divertido e perigoso, habituado a entradas triunfais (nem que seja detrás dos gases dos esgotos de Nova York).

Com seu quê de nostalgia, Os Smurfs é um produto mais para os pequeninos, e como tal é regular, engraçadinho e indolor. O que não escusa o filme de não acolher justamente aquele outro público que deveria atender: os jovens adultos que nasceram cantando o hino dos smurfs.

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6 comentários em “Crítica | Os Smurfs”

  1. Márcio, que texto mais leve e maravilhoso! É visível o seu gosto por animações! Parabéns mesmo pelo texto, os ótimos apontamentos e ressalvas.

    Ainda não tive tempo de ver o filme. Aliás, estou meio complicado com tempo, mas com certeza verei! Isso faz parte da nossa geração!

    Mais uma vez, parabéns pelo ótimo texto.

    Um abraço

  2. Adorei a sua resenha sobre o filme. Ponderada e clara.
    Gostaria de saber quem são os dubladores das vozes em português) dos personagens. Você teria essa informação?? Obrigada!!! Simone Fonseca

  3. Rapaz, eu ainda AMO O Rei Leão, mas esse filme da Lotte Reineger se colocou acima dele, pelo menos nesse momento da minha vida. Hehehehe

    Então, eu peguei pelo MKO, mas tem ele em partes no Youtube. A desvantagem é que ver um filme mudo no youtube não é uma tarefa muito grata, mesmo que tenha uma forte sinfonia como trilha sonora… Prefiro ver na TV, filmes assim.

    Tentei ripar ele pra por no meu vimeo, mas é grande demais…

  4. Olá Simone

    Segundo o sítio "Clube Versão Brasileira", os dubladores da versão nacional de Os Smurfs são:

    Arrojado (Marco Ribeiro)
    Desastrado (Gustavo Pereira)
    Gênio (Cláudio Galvan)
    Papai Smurf (Orlando Drummond)
    Ranzinza (Samir Murad)
    Smurfete (Jullie)
    Gargamel (Márcio Simões)
    Patrick (Marcelo Garcia)

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