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Atividade Paranormal 3

Atividade Paranormal 3 (Paranormal Activity 3, Estados Unidos, 2011). Direção: Henry Joost, Ariel Schulman. Roteiro: Christopher Landon. Elenco: Chloe Csengery, Jessica Tyler Brown, Christopher Nicholas Smith, Lauren Bittner, Dustin Ingram. Duração: 84 minutos.
Atividade Paranormal (2009) é o maior fenômeno de arrecadação da história do cinema considerando a rentabilidade da empreitada. Custando um pouco mais de US$ 15 mil dólares, a história escrita e dirigida por Oren Poli sobre um casal aterrorizado por uma ameaça sobrenatural conquistou mais de US$ 190 milhões de dólares ao redor do mundo, um marco que dificilmente será superado tão cedo. Continuações eram inevitáveis, mas diferente de outros exemplares do subgênero found footage, e sobretudo, das demais continuações de filmes de terror, a revisitação ao universo de câmeras que gravam as mínimas perturbações enquanto os protagonistas estão dormindo tem demonstrado uma evolução invejável, pois a cada nova episódio, não apenas a quantidade de sustos aumenta, assim como a qualidade da história e de seus personagens. Foi assim como Atividade Paranormal 2 (2010), um avanço em relação ao original, e é assim nesta prequel que aborda o início dos eventos sobrenaturais na cidade de Carlsbad.
Ligando-se aos eventos do antecessor mediante a descoberta de fitas VHS, gravadas na infância das irmãs Katie e Kristi, retrocedemos ao ano 1988, na cidade de Santa Rosa, o que renda alguns brincadeiras divertidas como a menção ao título de De Volta para o Futuro e piadas sobre MacGyver e Gasparzinho. Nesse contexto, Dennis (Smith) é o padrasto desempregado, porém carinhoso, de Katie (Csengery) e Kristi (Brown), as filhas de Julie (Bittner). Durante uma gravação no quarto do casal, interrompida por ocasião de um terremoto, Dennis testemunha a silhoueta de uma misteriosa aparição no quarto, o que combinado com a descoberta do amigo imaginário de Kristi, o leva a posicionar duas câmeras no quarto das meninas e no seu próprio para monitorar os eventos que ocorrem durante a noite.
Escrito por Christopher Landon, roteirista do episódio anterior, a prequel não perde tempo com barulhos e ruídos ou o súbito acendimento de luzes e fechamento de portas e estabelece rapidamente uma atmosfera tensa e incerta. Dessa maneira, enxergamos Kristi conversando com Toby, o seu amigo imaginário, e caminhando despreocupadamente de madrugada na casa, ou vislumbramos vultos de algo que a princípio não conseguimos precisar o que seria. Divulgando informações através de conversas casuais de forma orgânica, Christopher Landon infelizmente derrapa na impaciência de arremessar o público direto na narrativa, ignorando quão tolo algumas idéias soariam. Assim, quando Dennis afirma para Randy (Ingram) que escutara sons, isto causa estranheza pois até o momento praticamente nada havia sido escutado, o que faz o sujeito parecer um neurótico. Landon também falha na explicação fantástica para os eventos sobrenaturais, esquecendo que ocultar a origem do mal é a melhor forma de manter o espectador inseguro sobre o que virá a seguir. Se não é incomum observarmos livros de demonologia, menções a cultos satanistas e bruxaria, todos esse acabam não sendo apenas sugestões escapistas que os personagens encontraram para lidar com a ameaça.
Muito melhor é a direção de Henry Joost e Ariel Schulman (do intrigante documentário Catfish), que sabiamente usam a arquitetura da casa como um artefato de suspense por si só, seja no quarto das meninas situado no mezanino e acessível por estreitas escadas, como na coluna separando a cozinha da sala e que provoca arrepios naquele que é o recurso inovador e mais bem utilizado da narrativa: a simplicidade da câmera estabelecida sobre um suporte de ventilador, filmando alternadamente a sala e a cozinha, estabelecendo uma verdadeira tortura com a velocidade constante do movimento de idas e vindas.

Apostando em temores primários e, por isso mesmo, eficientes, como o medo do escuro, Henry Joost e Ariel Schulman arremessam objetos na câmera, exibem personagens suspensos diante de nossos olhos e transformam as imagens de um ursinho de pelúcia e um fantasma debaixo de um lençol em elementos assustadores (ao invés de provocar risos, o que seria o efeito imediato). Infelizmente, os diretores não conseguem reproduzir a sensação de estar assistindo um VHS, exceto alguns borrões e imperfeições na imagem, o que é justificável diante da incompatibilidade desse formato e o cinema.

Com personagens realistas cujas conversas giram em torno de aspectos trivias e banais do cotidiano, como os conselhos de uma mãe à filha ou a indagação da apressada saída de uma babá, Atividade Paranormal 3 novamente acerta no elemento humano, e apresenta atores pouco conhecidos, porém interessantes e capazes de provocar imediata identificação com o espectador. Brevemente trazendo as personagens dos episódios anteriores no prólogo, até mesmo Randy, que não é integrante da família, tem uma boa química com a pequena Katie. E convenhamos, é assustador ouvir da boca de uma criança frases simples que, pronunciadas com ingenuidade própria da idade, dizem bastante, e o mero “Ele é real” de Kriste basta para congelar a espinha do espectador menos aturdido.

Infelizmente, o clímax da narrativa apresenta os mesmos (graves) defeitos daquele de Sobrenatural, investindo em uma conclusão exageradamente expositiva, contrariando os padrões da franquia, e principalmente, destoante de tudo aquilo que havíamos visto anteriormente.
Atividade Paranormal 3 provoca genuínos sustos e, com a boa narrativa, gera tensão suficiente para facilmente se destacar como o melhor da série. Ironicamente, é um enorme baque ao prosseguimento da franquia, pois o que virá a seguir, found footage de 16 mm? Quase esqueci, isso foi feito no péssimo Apollo 18.
P.S.: resta uma certeza: o sangue cinegrafista corre intensamente no sangue dos maridos das mulheres dessa família sobrenatural!

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8 comentários em “Atividade Paranormal 3”

  1. Eu discordo. Acho o primeiro episódio exclusivamente exercício narrativo e introdutório da técnica que viria a ser consolidada nos dois episódios subsequentes. Mas é um bom filme assim como os outros.

    E também discordo dos minutos finais, acho que eles explicam demais, o que contraria completamente toda a tendência da série.

    Abraços Rafael!

  2. Não gosto muito do segundo e gostei um pouquinho mais do terceiro. Ainda acho que só o primeiro consegue alcançar a tensão com o benefício do "realismo". Acrescentar mais personagens e abordar a mesma assombração não foi uma boa escolha, na minha opinião.

    No entanto, acho que esta terceira parte tem lá seus mérito.

    Mas Márcio, você já assistiu aos trailers depois de ter visto o filme? Fiquei HORRORIZADO com o tanto de coisa que eles não colocaram no filme. Parece que filmaram uma infinidade de cenas assustadoras e deixaram pra decidir quais seriam incluídas apenas na pós produção – mas acabaram botando tudo no trailer.

    Abraço

  3. É um bom filme sim, mas pra mim já deu o que tinha que dar, o medo e os sustos foram só no primeiro filme mesmo, esse terceiro aí eu meio que tava preparado pra coisa toda, sem falar que teve uns 3 falsos sustos no filme que eu não gostei.

    Não vi o segundo filme ainda, nem pretendo ver.

  4. atividade paranormal 1, foi muito bom o suspense ajuda a colocar mais terror, o 2 nao causa tanto medo,em certo no final, e o 3 ainda vou ver, dizem por ai que vai sair o 4, vai ficar chato se lançarem mais um!

  5. O filme é bom, bem assustador. Mas esperava que tivesse uma explicação para a origem do mal, como tudo começou. Acho que o final ficou meio vago. E tem cenas no trailer que não aparecem no filme.

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(Seeking Justice), Estados Unidos, 2011. Direção: Roger Donaldson.

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