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Crítica | A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2

The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 2 | Estados Unidos | 2012 | Direção: Bill Condon | Roteiro: Melissa Rosenberg baseado no livro de Stephenie Meyer | Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Peter Facinelli, Elizabeth Reaser, Ashley Greene, Jackson Rathbone, Billy Burke, Maggie Grace, Michael Sheen, Dakota Fanning, Cameron Bright, Daniel Cudmore | Duração: 1h55min.

Tentando se vender como a conclusão épica de uma Saga que não fez nos cinemas nada para merecer tamanho alarde, Amanhecer – Parte 2, desde a sua campanha de divulgação copiada de cinesséries melhores às últimas inserções da boa trilha sonora de Carter Burwell, assume um tom urgente, inédito e bem-vindo na franquia, tornando-o a melhor das adaptações da história vampírica escrita por Stephenie Meyer. Afasta-se a dependência do aborrecido triângulo amoroso entre Bella, Jacob e Edward e de todos os penduricalhos associados para se concentrar nas consequências das ações ocorridas no episódio anterior – a transformação de Bella em uma vampira e o nascimento de sua filha – resultando em um filme ocasionalmente tenso, apesar dos muitos defeitos que simplesmente não poderiam mais ser corrigidos a esta altura do campeonato.

Escrito por Melissa Rosenberg, a roteirista responsável por todo o restante da série, a história é apenas um ensaio para a chegada dos Volturi à América com o objetivo de aplicar a pena de morte aos membros do clã Cullen, que supostamente está criando uma perigosa criança imortal, Renesmée, a filha de Edward e Bella. Costurando primeiro as pontas deixadas soltas, reencontramos Bella já com sentidos aguçados – registrados em closes que fariam inveja à supercâmera -, sofrendo para controlar sua sede por sangue e administrar seus novos poderes, como sentar em velocidade aceitável, o super-abraço carinhoso e a metamorfose em Stallone dos tempos de Falcão. Persistindo nos diálogos melosos e expositivos que nunca ajudaram a sedimentar o romance entre Bella e Edward além do restrito universo dos fãs, Melissa força goela abaixo bobagens como “agora temos a mesma temperatura” e uma explicação estapafúrdia para explicar o porquê dos bebês vampiros crescerem somente até o amadurecimento, instante no qual freiam eternamente o envelhecimento. Apesar disto, Melissa é corajosa ao desmascarar Jacob pelo pedófilo que é – em certo momento, Bella, enfurecida, grita para ele “ela é só um bebê” relativo ao imprinting do lobo por Renesmée.

Contando também com analogias infantis (“eu me sinto saudável como um cavalo”) ou atrozes (“é o mesmo que enfiar ferro quente na garganta” – pergunto-me quem faria uma experiência destas!), revelando o alto grau de imaturidade de uma escritora desesperada em se autoafirmar – a roteirista é mais culpada por incluí-las na versão final do texto -, a narrativa de Amanhecer – Parte 2 sofre de graves problemas de personalidade. Durante 30 minutos, o tom dos episódios anteriores é retomado, para depois se transformar na versão vampírica de X-Men em que o professor Carlisle (Peter Facinelli) e os demais membros do clã atravessam o mundo em busca de testemunhas que parecem mesmo reforços para o confronto final, em vista dos dons de cada um (leia-se: superpoderes, como manuseio de eletricidade e dos quatro elementos da natureza ou a criação de um escudo protetor). Mas antes de se arrepender por não ter construído um Cérebro para a missão, a narrativa atinge o clímax na inevitável batalha campal entre os Volturi e os Cullen com direito à tosca celebração destes ao redor da fogueira na véspera do combate.

Por vezes tão fraco quanto os demais episódios, o próprio rumo da franquia e algumas boas decisões criativas do diretor Bill Condon elevam a narrativa a um patamar antes não alcançado. A pulverização de novos personagens, embora unidimensionais, desvia a atenção voltada exclusivamente a Kristen Stewart, Robert Pattison e Taylor Lautner, todos abaixo da média, abrindo espaço para a composição exagerada e divertida, porém não menos perigosa de Michael Sheen como Aro, o líder dos Volturi. Com bons momentos de auto-paródia, como no instante em que Jacob tira mais uma vez a camisa, nem mesmo a fuga de Jasper e Alice, só para o retorno óbvio como deus ex machina, chega a incomodar tanto. Aliás, o casamento e a transformação em vampiro nunca fizeram tão bem a alguém: rompendo com o semblante depressivo, Bella está confortável e confiante na nova posição de predadora, enquanto Edward afasta a cara de paisagem sofrida e se impõe no clã.

Abraçando a violência prometida por um confronto entre vampiros e lobos, a narrativa surpreende positivamente com cenas cruéis mesmo que não haja derramamento de sangue. Uma criança, claramente um boneco, é atirada na fogueira; decapitações e mutilações, ilustradas por pobres efeitos especiais, ocorrem a todo instante; personagens amados pelos fãs da série sofrem um destino trágico. Diante disso, o desfecho funciona pela inevitabilidade de sua chegada e urgência do conflito, pecando nos cortes bruscos que prejudicam a compreensão de como o exército numeroso dos Volturi seria subjugado pelo dos Cullen. Entretanto, uma surpresa no clímax que funciona à primeira vista pela boa execução, acaba revelando a cômoda covardia da narrativa (e a título de comparação, a recente franquia Harry Potter jamais ousaria fazer o mesmo).

Com uma boa conclusão para o insosso romance de Bella e Edward na forma de uma breve e diegética retrospectiva dos melhores momentos do casal, Amanhecer – Parte 2, em toda autoindulgência dos créditos finais e mesmo tomando erroneamente épico como adjetivo de qualidade, ao menos é um desfecho aceitável e digno de uma série que demorou demais para se importar com qualidade.

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9 comentários em “Crítica | A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2”

  1. A fala da Bella pro Jacob sobre renesme ser so um bebê não é crédito da Melissa,ela já estava no livro que por sinal vc nem leu pelo visto.
    Todos chamam o Jacob de pedófilo,mas a verdade é que o Edward é outro,pq ele tem oq,90 anos a mais que a Bella,enquanto o Jacob tem certa de 17 anos a mais que a Renesmee.
    Aliás,devemos entender que isso é ficcção,e vampiros e outras criaturas fantásticas não tem essa noção como a nossa sobr idade e etc(pelo menos não deveria).
    Jacob não é um ser humano normal,ele um homem lobo e pelo que eu saiba,lobos não se importam com isso de pedofilia.Da mesma forma como vampiros não deveriam se importar(Veja entrevista com o vampiro).A Stephanie Myer foi até realista demais,pq na pratica,vampiros como Edward nem deveriam achar estranho Jacob gostar da Renesme,que nem humana normal é,é mestiça.

  2. Vampiros tradicionais sequer se importam com isso de idade,é só ver o filme entrevista com o vampiro,o protagonista fica com uma vampira criança,apesar de não ter cenas de sexo nem beijo,eles sã claramente um casal.

    Edward ,Bella e outros vampiros nem deveriam achar estranho ou julgar Jacob por isso,a autora ainda foi bemmm realista,pq se fosse seguir a risca o comportamento de vampiros tradicionais,eles nem se importariam com isso,exceto Bella que ainda estaria se acostumando com a nova vida.

  3. Ter lido ou não o livro não aumenta ou diminui minha capacidade para analisar o filme, uma obra de arte completamente diferente daquela escrita por Stephenie Meyer.

    Logo, não é errado afirmar que Melissa Rosenberg incluiu esta fala porque se ela quisesse, ela poderia não o ter feito no roteiro.

    Tendo dito isto, e evitando comparações do que lobisomens e vampiros achariam sobre idade, você erra em um momento ao falar sobre Entrevista com Vampiro: a personagem de Kirsten Dunst NÃO é uma criança; ela é uma vampira centenária PRESA no corpo de uma criança, enquanto Renesmée no auge dos seus, sei lá, meses/anos de vida É uma criança.

    Obrigado pela participação e comentário.

  4. Nossa Mano Esse filem me supreendeu , muito Não esperava que fosse ser deste jeito , muito bom de mais Esse sim eu recomendo , Valeu apena Cada Centavo não me arrependi nenhum pouco ,foi muito bom mesmo, o FInal eu pensei que ia ser fraco mais nao foi foi bem interessante, Mais se nao fosse a Visão da menina , Teria sido da hora ,(EM Partees) Mais mesmo assim ia ser Da Hora….
    Muito Boom … Ótimo

  5. Nunca havera um filme com sinopse e ações perfeitas ou um roteiro em que tudo tenha 'Pingo no I'… é pra isso que existem os Críticos. Porém o filme foi ótimo' eu li os livros e tenho certeza que o Sucesso do filme, vindo do sucesso dos livros, esta na nova proposta do mundo Vampiresco. Nessa saga, não tinha nada 'batido' como nos outros filmes de vampiro! Ela usou uma nova roupagem para o Mito 'Vampiro', e claro que não agradou a todos (pq nada nunca agrada a todos, é natural the existência), Mas por ser uma historia bacana, com enredo bacana, elenco composto por pessoas visualmente 'Lindas' o filme vendeeu… e muitoo' e eles estão milionários enquanto muitooos tentam procurar defeitos pra fazer matérias e tentar chegar a um Título de 'Crítico Fodãao'… mas esta crítica esta bacana, bem firmada, e minunciosamente detalhada.. Parabeens' embora eu não concorde com tudo escrito aquii… mas eu nao sou 'formado' em critica e muito menos em elogios… Apenas como Plateia posso Afirmar: O filme foi ótimooo!

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