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Crítica | A Última Casa da Rua

Título original: House at the End of the Street | País de origem: Estados Unidos e Canadá | Ano de lançamento: 2012 | Dirigido por: Mark Tonderai | Escrito por: David Loucka baseado em uma história de Jonathan Mostow Moss | Elenco: Jennifer Lawrence, Max Thieriot, Elisabeth Shue, Gil Bellows, Nolan Gerard Funk, Eva Link, Allie MacDonald | Duração: 1h41min.

Decididas a começar vida nova após terem sido abandonadas pelo marido/pai, Sarah e a filha Elissa vão morar em uma daquelas cidadezinhas genéricas e pacatas bem típicas dos filmes de suspense. Uma mudança que deveria fazer-lhes bem e estreitar os laços fraternos, até a vizinhança se revelar um lugar não tão seguro quanto se imaginava. Culpa da última casa da rua do título, onde a traumatizada Carrie Anne matou seus pais há quatro anos durante um surto psicótico, transformando as redondezas em um pesadelo imobiliário e, de quebra, ajudando a diminuir drasticamente o aluguel pago pela família.

Partindo de uma premissa reciclada e tão aterrorizante e surpreendente quanto a pegadinha da garota fantasma do Sílvio Santos, o roteiro escrito por David Loucka – divirto-me com este nome – perde tempo precioso nas discussões requentadas entre mãe (Elisabeth Shue) e filha (Jennifer Lawrence) ao invés de proporcionar um clima de tensão e insegurança. A luz que se acende na casa do lado e a lenda urbana contada sobre Carrie Anne rapidamente dão lugar a diálogos embaraçosos, em que Sarah age como a mãe super-protetora (“não quero que ela escolha errado como eu fiz”, revela ao policial local) e Elissa, como a adolescente rebelde (“a minha mãe não larga do meu pé”), esteriótipos que em um primeiro momento ninguém atribuiria às personagens.

Mas não pense que a narrativa demonstrava alguma inspiração em provocar sustos, ou melhor “sustos”, pois o diretor Mark Tonderai parece associar à palavra o surgimento inesperado de uma amiga pela porta da frente destrancada e a imagem de um vulto se movimentando no bosque defronte da casa. Tudo isso de mãos firmemente dadas com a trilha sonora que torna mais fácil a missão de antecipar o que vem em seguida, se é que isto faz alguma diferença.

Sem disfarçar a sua completa falta de criatividade, a narrativa ainda apresenta Ryan (Max Thieriot), o irmão mais velho de Carrie Anne e que na época do massacre tinha sido enviado pelos pais para morar com a tia. Único residente da tal casa, Ryan é o protótipo do rapaz sobre o qual paira a suspeita dos demais habitantes e o seu jeito tímido, fruto do trauma familiar, não o ajuda em nada a formar uma imagem diferente. Mas aí Elissa começa a viver um romance adolescente descartável com ele e, com um jeito enxerido de quem fuça as coisas na casa alheia sem ser convidada, descobre uma série de segredos enterrados no passado.

Nada particularmente novo e satisfatório; pelo contrário, cômodo à medida em que as máscaras vão caindo e óbvio como a direção de fotografia de Miroslaw Baszak e o tom azul empregado na recriação dos flashbacks e alaranjado durante o ponto de vista de determinado personagem. Mesmo assim, muito melhor do que a baboseira filantrópica presente na narrativa, segundo a qual cada personagem parece cuidar (ou fingir) de outro: o babaca Tyler posa de altruísta na vizinhança, arrecadando dinheiro para os famintos na África; Elissa é atraída por Ryan sobretudo por pena, ao passo que o rapaz parece dono de um particular instinto protetor.

Porém o que mais assusta não é o clímax, executando com pouca eficiência, e sim o meu esforço em tentar ler nas entrelinhas de um produto cujo propósito é bem claro: rever Elisabeth Shue, que há uns 20 anos seria a candidata perfeita ao papel principal, e especialmente, capitalizar a fama da talentosa Jennifer Lawrence, indicada ao Oscar e estrela da nova franquia dos X-Men e da adaptação de Jogos Vorazes. Sem encher os olhos na pele de Elissa, Jennifer atua melhor quando está cantando e dedilhando no seu violão, pois no restante do tempo está ocupada demais seguindo à risca a cartilha do gênero, com direito a comuns momentos de patetice em que deveria agir de uma forma (ex: fugir) ao invés de outra (ex: permanecer parada).

Contando ainda com uma reviravolta desonesta cuja falta de credibilidade compromete o restante da narrativa, A Última Casa da Rua é o preço que uma jovem excelente atriz acaba tendo que pagar para se manter em evidência (como se precisasse) enquanto espera um roteiro melhor cair no seu colo.

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19 comentários em “Crítica | A Última Casa da Rua”

  1. Bela Critica … Parabéns … Conseguiu passar exatamente tudo q sentia vendo essa bomba no cinema …

    E o q falar da cena do jantar onde o Ryan é convidado ?!

  2. Márcio, ótimo texto, mas não entendi bem o que você quis dizer no final. Não acho que pode ser considerado uma tentativa de se manter em evidência, já que quando gravou o filme Jennifer Lawrence não estava em evidência e nem podia se dar ao luxo de ficar recusando trabalhos esperando por um roteiro melhor.

  3. Felipe, obrigado pelo elogio.

    A Última Casa da Rua foi filmado após Inverno da Alma (quando ela foi indicada ao Oscar) e X-Men: Primeira Classe, no qual ela desempenhava, a meu ver, o terceiro papel mais importante. Ao que parece, foi antes de Jogos Vorazes, mas ela já tinha certo renome sim para estrelar um filme que qualquer outra atriz novata e bonitinha poderia fazer. Mas entendo o seu ponto de vista.

  4. na verdade eu nao entendi muito bem o filme… deu pra peeceber que foi o ryan que matou os pais por ele tentar transformar ryan na pobre menina, vestindo-o como uma garota (no final do filme aparece), mas o estranho é que a 1a cena é da menina matando os pais! além disso, se a carrie any havia morrido como ryan disse (foi o pai dela que a matou?), quem era aquela menina que ficava trancada e pensávamos que era a carrie any? e por que ele precisava matar elissa? só porque ela sabia da existência da menina?

  5. na verdade eu nao entendi muito bem o filme… deu pra peeceber que foi o ryan que matou os pais por ele tentar transformar ryan na pobre menina, vestindo-o como uma garota (no final do filme aparece), mas o estranho é que a 1a cena é da menina matando os pais! além disso, se a carrie any havia morrido como ryan disse (foi o pai dela que a matou?), quem era aquela menina que ficava trancada e pensávamos que era a carrie any? e por que ele precisava matar elissa? só porque ela sabia da existência da menina?

  6. A primeira menina não sabemos quem é, ele matou ela no mato quando ela tinha fugido e tinha um casal no carro e a garota viu a carrie e os dois foram procura-la. Ele tenta calar a carrie mas sem querer a mata. Logo dps aparece ele no "café" e uma menina gentil atende ele e até dá bolo, sei lá, como cortesia da casa. Ela era a garota que estava lá até ele sumir com ela e pegar a jennifer lawrence. E ele não queria matar o papel da jennifer, ele ia pegar ela e deixar ela trancada como se fosse a carrie any.

  7. Mas porque o Ryan matava as mulheres, ou a aprisionavam? E porque no final ele lembra (em um flashback) uma mulher falando que ele era a Caroleine e ele fala que não e ela dá um tapa no rosto dele?

  8. Mas porque o Ryan matava as mulheres, ou a aprisionavam? E porque no final ele lembra (No final do filme) uma mulher falando que ele era a carrie any e ele fala que não e ela dá um tapa no rosto dele?
    E porque ele lembra de uma menina brincando com ele só que derrepente "PUMBA"
    a menina morre?
    Certo que não podia ter aquela menina, mas porque ele tenta matar elissa?
    E como a mãe sobrevive a facada que ele dá na barriga dela?
    Ele era psicopata ou ele tinha rancor do passado dele? E porque ele mata a garçonete da lanchonete?

    Por favor responda essas minhas pergunta, muito obrigada.

  9. A "menina" do início, que mata os pais é Ryan. Depois da morte de Carrie Ane os pais começaram a tratar Ryan como menina, como a Carrie Ane. E Ryan precisava de uma Carrie Ane para ele existir realmente. O policial sabia, desde o início, de tudo. Ryan não queria matar Elissa. Ele queria ela como Carrie Ane.

  10. A "menina" do início, que mata os pais é Ryan. Depois da morte de Carrie Ane os pais começaram a tratar Ryan como menina, como a Carrie Ane. E Ryan precisava de uma Carrie Ane para ele existir realmente. O policial sabia, desde o início, de tudo. Ryan não queria matar Elissa. Ele queria ela como Carrie Ane.

  11. Porque ele matava as mulheres, ou aprisionavam? Ele era louco esqueceu? Os pais dele castigavam ele chamavam ele da Carry Ane, botavam roupas de menina nele pois os pais eram viciados, e o culpavam pela morte da irma o Ryan ficou louco e sequestrava meninas pra fingir que era a carry ane pois ele era LOUCO.
    Porque tinha uma menina brincando com ele? Era a irmã dele que MORREU
    Ele tenta matar Elissa porque ela descobre que ele que matou os pais.
    El

  12. Eu sei que to beeem atrazada mas só vi o filme hje. Eu entendi. Concordo com a crítica.. só uma dúvida em relação a um comentário aqui.. o policial sabia de tudo??? Serio, não peguei isso. Quer dizer, o policial fala pro Ryan: "eu defendi você" (acho que é isso) mas porque todo mundo via o menino com maus olhos e o policial dava um voto de confiança pra ele, mas acaba que ele era mau caráter mesmo.tadinho. entendi assim, que o policial julgou mau. Acreditou na história do garoto e achou que era boa pessoa. Mas não entendi que o policial sabia de tudo.

  13. Sim, concordo que o caráter do policial não deve ser colocado em questão, o que deve mesmo é a falta de capacidade do autor em deixar isto claro para nós. Assim como a história da árvore, que para mim, é onde foi colocado o corpo da Carrie Annie,nao foi bem explicada.

  14. Sim, concordo que o caráter do policial não deve ser colocado em questão, o que deve mesmo é a falta de capacidade do autor em deixar isto claro para nós. Assim como a história da árvore, que para mim, é onde foi colocado o corpo da Carrie Annie,nao foi bem explicada.

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