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Crítica | Quatro Amigas e um Casamento

Título original: Bachelorette | País de origem: Estados Unidos | Ano de lançamento: 2012 | Dirigido por: Leslye Headland | Escrito por: Leslye Headland | Elenco: Kirsten Dunst, Isla Fisher, Lizzy Caplan, James Marsden, Kyle Bornheimer, Rebel Wilson e Adam Scott | Duração: 1h27min.

Tentando repetir o sucesso de Missão Madrinha de Casamento, com o qual divide mais semelhanças do que somente o elenco predominantemente feminino e a preferência por situações escatológicas e grosseiras, Quatro Amigas e um Casamento ainda ensaia ser uma versão de saias de Se Beber, não Case, provando que não basta escolher sabiamente a sua fonte de inspiração se a narrativa é incapaz de preservar intacto o espírito original. Assim, o carisma e ingenuidade dos politicamente incorretos personagens daquelas produções são substituídos pela mesquinhez e antipatia do trio encabeçado por Regan, interpretada por Kirsten Dunst, e o que deveria ser divertido acaba virando uma forma de punição bem merecida, e ninguém costuma encontrar prazer rindo disto.

Bastante orgulhosas do apelido que receberam anos atrás no colégio, as abelhas-rainha Regan, Gena (Lizzy Caplan) e a Katie (Isla Fisher) se reúnem de novo para o casamento da patinha-feia Becky (Rebel Wilson). Ainda sem acreditar que a gordinha da turma será a primeira a se casar, as infelizes “amigas” nem tentam disfarçar a inveja no sorriso constrangido e só não se transformam em versões moderninhas da madrasta e irmãs de Cinderela por não tentarem bolar uma forma de acabar com o casamento. Até que, após uma despedida de solteira careta e fracassada, o trio bêbado e possivelmente drogado arruína acidentalmente o vestido da noiva, tendo que descobrir um jeito de, literalmente, remendá-lo até a hora da cerimônia.

Cometendo um equívoco comum neste tipo de produção, a narrativa escrita e dirigida por Leslye Headland, uma mulher, abdica das conquistas femininas para privilegiar a componente masculina, a única saída para que as personagens adquiram uma consciência tardia e, enfim, encontrem uma solução satisfatória para os problemas. Se a desbocada Gena permanece apaixonada pelo ex-namorado Clyde (Adam Scott), apesar de depositar nele a culpa de ser como é, Regan é escrava do celular, descontando naqueles ao seu redor a frustração de não contar com a presença do seu namorado no casamento. Mas isto nem se compara com a tapada da Katie que, em questão de segundos, abraça sem ressalvas o esteriótipo de objeto de desejo como dançarina de striptease.

Tomada pelo espírito de que realizar uma comédia escrachada consiste em rebaixar as mulheres a um nível de grosseria tipicamente atribuído aos homens, Leslye Headland sequer tem noção de que está sendo machista quando obriga Gena, pela quarta vez, a repetir um discurso entusiasta e nada engraçado sobre sexo oral. E embora desconfie instintivamente da participação dos produtores Will Ferrell e Adam McKay nesse tipo de decisão “criativa”, a diretora se mostra covarde de levar adiante o comportamento desagradável de Regan, cabendo a Trevor (James Marsden) o prêmio de babaca do filme. Pior mesmo só o desfecho sentimental, em total descompasso com o tom do restante da narrativa, bem mais depressivo, como se vê na paleta de cores azuis da fotografia de Doug Emmett.

Com uma protagonista repulsiva que não hesita em ofender e gritar ordens a quem quer que esteja diante dela, Kirsten Dunst evoca muito bem o ar de megera logo na primeira cena, com um discreto tremor no lábio superior após o convite de Becky para ser a sua dama de honra. Já Rebel Wilson vive um tipo ingênuo que nem suspeita dos sentimentos reais da amiga, o que não lhe dá muito material para trabalhar. E se Lizzy Caplan exagera na fala atropelada e cheia de referências, Isla Fisher faz a Magda de Saí de Baixo parecer uma PhD, especialmente na forma com que resume tudo a sexo ou a drogas.

Julgando engraçado repetir trocentas vezes o gesto de encostar o dedo no nariz para fazer alusão ao uso de drogas e desperdiçando o potencial dos raros momentos que poderiam resultar em algo divertido (a despedida de solteira), a narrativa ainda acrescenta momentos embaraçosos e inverossímeis, como aquele em que um personagem arremessa fora um celular ou então ao revelar a ótima noite de sexo que teve diante de uma grande plateia.

Indefensável, Quatro Amigas e um Casamento é uma grande piada de mau gosto e um dos piores filmes do ano.

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6 comentários em “Crítica | Quatro Amigas e um Casamento”

  1. Eu ainda não assisti e já tenho aqui comigo. Fazendo uma visita rotineira nos blogs, me deparo com a sua análise ultranegativa do filme. Poxa, não esperava algo tão depreciativo assim, mas vou dar uma chance, afinal, gosto de algumas das atrizes e soa (ao menos) engraçadinha. Vamos ver…

    Abs.

  2. Demasiado passional esta critica.
    Geralmente isto é mais uma evidencia de pedância do crítico do que um reflexo real do filme.
    Mas nunca saberei… Eu não vou ver o filme mesmo. Com muito esforço vi o "Hangover 2". Não vou encarar este.
    Se por acaso eu o ver algum dia volto aqui pra dizer se concordo com a critica.
    Agora vou dar uma olhada nas tuas outras criticas pra ver se você é do gênero Maurício "Loser" Saudanha ou Deivid "Sarcástico" Pazos.

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