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Crítica | Detona Ralph

Título original: Wreck-it Ralph | País de origem: Estados Unidos | Ano de lançamento: 2012 | Dirigido por: Rich Moore | Escrito por: Phil Johnston e Jennifer Lee baseado na história de Rich Moore, Phil Johnston e Jim Reardon | Elenco de vozes: John C. Reilly, Sarah Silverman, Jack McBrayer, Jane Lynch, Alan Tudyk, Mindy Kaling, Joe Lo Truglio, Ed O’Neil e Dennis Haysbert | Duração: 1h48min.

Com 3 metros de alturas, 300 quilos e mãos esquisitamente grandes, Ralph tem sido por 30 anos o vilão do jogo Conserta Félix Jr., uma relíquia do fliperama. Porém, cansado de ser posto de lado por todos os outros que vangloriam apenas o herói que dá nome ao jogo e as suas muitas medalhas de ouro, Ralph resolve fugir da sua programação (leia-se: rotina) e tentar a sorte em outros jogos, para enfim conseguir a medalha que lhe dará o sonhado reconhecimento.

Sem saber que o seu sumiço poderá causar consequências desastrosas aos personagens do seu jogo, como a tão temida manutenção e o provável desligamento, Ralph entra no jogo de combate ultrarrealista Missão de Herói, cuja inspiração tem que ter sido Tropas Estelares, e acidentalmente vai parar na Corrida Doce, a mistura entre Mário Kart e Speed Racer com garotas pilotando carros de guloseimas, súditas do Rei Doce. Lá ele conhece Vanellope, uma adorável e tagarela pilota que, sendo um bug, uma falha na programação, é discriminada por todos e não pode participar das corridas.

Provando ser mais do que um grande e colorido algodão-doce (chegaremos lá), Detona Ralph ensina organicamente a aceitar o seu papel na sociedade, sela ele qual for, e desempenhá-lo com prazer e da melhor maneira possível, mesmo que não renda os fogos de artifício esperados. Com um roteiro bem costurado escrito por Jennifer Lee e Phil Johnston, cada personagem central, em vez de só inchar o elenco e disparar piadinhas específicas, tem diversas oportunidades de descobrir maneiras inusitadas de empregar os seus dons e crescer na narrativa. As grandes mãos de Ralph, habitualmente usadas só na destruição (há uma cena particularmente dolorosa), também constroem uma pista de corrida; o tilt constante de Vanellope, o símbolo de sua insegurança, acaba servindo-lhe como vantagem nas corridas; e o martelo de Félix produz efeitos bem-humorados ao tentar escapar de uma prisão.

Surpreendentemente enxuto, o roteiro chega a falhar em aproveitar a regra “se você morrer fora do seu jogo, não vai se regenerar” e fazer-nos temer pelo destino dos personagens. Mas ainda assim, os muitos detalhes introduzidos acabam tendo uma função clara na narrativa, e a menção a “virar turbo” é mais do que apenas uma alusão e até as estalactites de balas mentos sobre o lago de coca-cola vão além da piada óbvia.

Falhando em determinar até que ponto chega a interação entre os personagens dos jogos com o mundo real, capazes inclusive de manusear o joystick pelo lado de dentro, o diretor Rich Moore compensa na apresentação do divertido universo diegético em que, fora do expediente, vilões se encontram no lar do fantasma de Pacman ou personagens de jogos ultrapassados são largados à mendicância na estação central. O diretor ainda capricha ao conferir a cada jogo uma assinatura visual específica: em Conserta Félix Jr., os objetos de 8-bits têm contornos retangulares, os personagens movimentam-se quase em um stop-motion (só Ralph e Félix não) e os sons são bem característicos; já em Missão de Herói, a alta definição da Sargento Calhoun e uma fotografia escurecida e tenebrosa conferem o grau de realismo esperado do mais recente lançamento.

Cheio de referências ao mundo dos videogames, desde a presença de personagens famosos como Sonic e os lutadores de Street Fighter à própria operacionalização da plataforma na utilização de uma popular combinação de teclas digitadas em um cofre para acessar o código fonte, a narrativa é cheia de adoráveis firulas, como a gravata do Rei Doce na forma de um bombom, além de encontrar uma representação bastante convincente para o avatar do jogador em primeira pessoa nos jogos de tiro.

Assim, apresentando uma conclusão sensível e doce, capaz de provocar discretas lágrimas, ação na medida certa que não compromete o desenvolvimento da história e o adequado uso do 3D, Detona Ralph, embora de 2012, abre o ano de animações diferente da forma ele terminou: com alto nível de qualidade.

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1 comentário em “Crítica | Detona Ralph”

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(Drive), Estados Unidos, 2011. Direção: Nicolas Winding Refn.

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