Esta continuação inicia imediatamente após à decisão de Tony se revelar como o Homem de Ferro – fato apresentado nos créditos iniciais. Vivendo uma situação de quase paz mundial, Tony alimenta seu ego explorando a imagem e a celebridade do Homem de Ferro. No entanto, ele se mostra debilitado em razão da contaminação por paládio, substância contida no núcleo do reator em seu peito. Buscando uma alternativa segura, ele enfrenta Ivan Vanko (Mickey Rourke), o Chicote Negro, que parte em um jornada de vingança, e Justin Hammer (Sam Rockwell), um fornecedor de armas e rival que busca desenvolver sua própria armadura de guerra.
É rápido diagnosticar que o grande problema desta continuação é o roteiro de Justin Theroux. Mas antes de criticá-lo, Homem de Ferro 2 foi produzido em menos de 2 anos, fato que não permitiu polir e refinar adequadamente o argumento. Assim, Theroux erra, as vezes até primariamente, na solução dos conflitos. Um exemplo? Em Monte Carlo, quando Chicote Negro invade o circuito destruindo tudo a sua frente, o guarda-costas Happy Hogan dirige, na contra mão, com vários F-1 vindo em altíssima velocidade, para levar a maleta da armadura a Tony: forçou demais a barra! Mas o que me incomodou bastante, foi o uso de um vídeo de Howard Stark na solução de algo relevante – efeito diluído quando Tony diz “meu pai continua me levando à escola”.
Theroux falha ainda na quantidade de personagens que não são apropriadamente desenvolvidos. Assim, se o Chicote Negro revela-se uma ameaça mais perigosa que o Monge de Ferro do filme anterior, ele sequer tem uma luta final decente. A Viúva Negra (Scarlett Johansson) funciona apenas como deleite para o público masculino, pois no mais é vazia e sem personalidade. E a substituição do intérprete de James Rhodes (Don Cheadle no lugar de Terrence Howard) serviu para provar quão mal construído é o personagem que funciona apenas como sidekick. Ao menos Justin Hammer (Sam Rockwell) consegue, graças ao intérprete, expor traços de vaidade, nas unhas polidas, e uma rivalidade quase juvenil apropriada para alguém que parece ter herdado um império do pai.
Dirigido por Jon Favreau, que também interpreta Happy Hogan, a narrativa é bem melhor nas cenas de ação – o ponto fraco do predecessor -, e os 30 minutos finais são excelentes pela segurança e competência da montagem intercalada e da abrangência em que tudo ocorre. Mas Favreau falha na condução do ritmo da narrativa, que se arrasta demais, e pontualmente exibe traços de imaturidade, como na embaraçosa briga entre Stark e Rhodes (nas respectivas armaduras). Finalmente, o interlúdio dos Vingadores não se encaixou na narrativa e o alcoolismo de Stark, o seu maior inimigo, somente é sugerido em uma cena isolada.
Porém se até aqui Homem de Ferro 2 é só mediano, ele tem Robert Downey Jr. que tem pleno domínio do narcisismo de Tony Stark, mantendo seu charme sem torná-lo antipático. Seja nas cenas no Senado ou no encontro público com Hammer em um restaurante em Monaco, Downey exibe perfeitamente as nuances da personalidade de Stark – isolado, egocêntrico, controvertido – sem esquecer de divertir.
Embora não seja excelente quanto o antecessor e tendo sido produzido em tempo recorde para capitalizar no seu sucesso, Homem de Ferro 2 alimenta-se das sobras deixadas na mesa. Assim, se antes estava ansioso para a sequência, agora vejo com indiferença o sucesso (ou não) desta franquia.
Avaliação: 3/5
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.
3 comentários em “Crítica | Homem de Ferro 2”
Acabei de assistir o filme… E gostei! Achei sarcástico e envolvente. Quanto a atuação da Viúva Negra… dizer que ela é vazia e sem personalidade, não concordei muito… Acho q não foi dado o espaço devido a ela para que pudesse ter desenvolvido o personagem melhor.
No mais, concordo que foi forçada a barra na cena dos carros de F1 e na parte da solução do problema.
A cena da briga final foi uma que eu achei q foi ganha muito fácil.. achava q deveria ter sido explorada melhor.
Mas gostei do filme! 🙂
Ficou para a cena q aparece depois dos créditos ???
Claro!
Acho importante ficar em todos os filmes após os créditos, até para voltar "a realidade"!
Oi Marcio gostei do filme Iron Man 2. Muito divertido foi um bom passa tempo kkkkkkk!!! As vezes agente pensa que esses filmes estao fora da realidade mas uma coisa me chamou a atencao a respeito de como o ser-humano e capaz de destruir seu proprio meio ambiente e que a cada dia mais tem mais armas e mais tecnologia pra destruicao… Sera filme ou realidade ein????
Um lembrete , nao esqueca de ver Letters for Juliet e adicionar aos seus filmes em maio e lindoooo… Vou esperar vc postar para eu comentar LOL…. Have a great week!!