Duas coisas que cinéfilo tem que fazer anualmente (além de assistir a muitos filmes): elaborar uma lista de melhores e piores filmes do ano e (tentar) prever os vencedores do Oscar. Mas essa previsão não parte somente de gosto, e sim do termômetro de outras premiações tão importantes, do famigerado lobby, toneladas de publicidades e for your consideration, etc. Então, sem delongas, eis os prováveis vencedores do Oscar segundo este blogueiro que vos escreve.
Update: os vencedores estão em negrito e os meus erros foram explicados
Melhor filme
Cisne Negro
O Vencedor
A Origem
O Discurso do Rei
A Rede Social
Minhas Mães e meu Pai
Toy Story 3
127 Horas
Bravura Indômita
Inverno da Alma
Apesar de convencional e quadradão, O Discurso do Rei ganhou prestígio nas últimas semanas e A Rede Social perdeu o fôlego. Se a história da criação do facebook se beneficia da contemporaneidade do tema e na abordagem dinâmica de David Fincher, a Academia é conhecida por ser retrógrada e o prêmio pode cair em mãos britânicas. Quem eu queria que se sagrasse vencedor seria Cisne Negro.
Porque eu errei? Por acreditar que a conservadora Academia optaria por premiar um filme moderno, inteligente e inventivo ao invés de uma obra saída dos anos 70, quadrada, antiquada. Ao menos eu antecipei meu erro.
Melhor diretor
Darren Aronovsky – Cisne Negro
David Fincher – A Rede Social
Tom Hooper – O Discurso do Rei
David O. Russell – O Vencedor
Joel e Ethan Coen – Bravura Indômita
Normalmente, as categorias de filme e diretor andam de mãos dadas. A última vez que a regra foi quebrada foi no Oscar de 2006, quando Ang Lee venceu por O Segredo da Montanha e o melhor filme foi Menina de Ouro, de Clint Eastwood. Este ano, não vai acontecer de novo. Então, se votei em A Rede Social, eu escolho aqui David Fincher.
Porque eu errei? Pelos mesmos motivos do item anterior.
Melhor ator
Jesse Eisenberg – A Rede Social
Colin Firth – O Discurso do Rei
James Franco – 127 Horas
Jeff Bridges – Bravura Indômita
Javier Bardem – Biutiful
Colin Firth é o favoritíssimo desde quando mudou o tom aborrecido e monocórdico de suas atuações ano passado em O Direito de Amar.
Melhor atriz
Nicole Kidman – Reencontrando a Felicidade
Jennifer Lawrence – Inverno da Alma
Natalie Portman – Cisne Negro
Michelle Williams – Blue Valentine
Annette Bening – Minhas Mães e meu Pai
Barbada! Natalie Portman criou a melhor personagem de 2010: a frágil e psicótica bailarina Nina.
Melhor ator coadjuvante
Christian Bale – O Vencedor
Jeremy Renner – Atração Perigosa
Geoffrey Rush – O Discurso do Rei
John Hawkes – Inverno da Alma
Mark Ruffalo – Minhas Mães e meu Pai
A atuação de Christian Bale como um viciado em crack é a minha preferência, mas sua personalidade explosiva e o carisma de Geoffrey Rush – e a bendita política por detrás de O Discurso do Rei – podem dar a este o seu segundo prêmio. Mas eu pessoalmente preferiria John Hawkes.
Melhor atriz coadjuvante
Amy Adams – O Vencedor
Helena Bonham Carter – O Discurso do Rei
Jacki Weaver – Animal Kingdom
Melissa Leo – O Vencedor
Hailee Steinfeld – Bravura Indômita
Alguma das duas atrizes de O Vencedor deve ser a vencedora: Melissa Leo ou Amy Adams. Não achei nada espetacular em nenhuma das duas.
Melhor roteiro original
Minhas Mães e meu Pai
A Origem
O Discurso do Rei
O Vencedor
Another Year
O Discurso do Rei vence e sabe-se lá o porquê, uma vez que não tem nada mais original do que A Origem neste ano.
Melhor roteiro adaptado
A Rede Social
127 Horas
Toy Story 3
Bravura Indômita
Inverno da Alma
Fácil! O roteiro de Aaron Sorkin adaptado de um livro meramente descritivo e todo o seu monumental esforço na construção de diálogos ágeis e inteligente merece o prêmio.
Melhor longa animado
Como Treinar o Seu Dragão
O Mágico
Toy Story 3
PIXAR!
Melhor filme em lingua estrangeira
Biutiful
Fora-da-Lei
Dente Canino
Incendies
Em um Mundo Melhor
Como vi apenas dois na lista, não deveria dar palpites, mas…
Porque eu errei? Porque não vi todos.
Melhor direção de arte
Alice no País das Maravilhas
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I
A Origem
O Discurso do Rei
Bravura Indômita
Nessas horas não é uma questão de técnica, e sim, de aumentar a quantidade de prêmios do vencedor da noite. Portanto, aposto em O Discurso do Rei, que afinal de contas, tem uma direção de arte linda.
Porque eu errei? Prefiro recriações de época do que imaginações (o mundo fantasioso de Alice). Mas não é um prêmio injusto e Tim Burton em seus filmes sempre têm méritos de criar novos mundos.
Melhor fotografia
Cisne Negro
A Origem
O Discurso do Rei
A Rede Social
Bravura Indômita
Adoro todos os trabalhos de fotografia, mas aposto em Roger Deakins que nunca ganhou um prêmio da Academia.
Porque eu errei? Porque todos eram excepcionais.
Melhores efeitos visuais
Alice no País das Maravilhas
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I
Além da Vida
A Origem
Homem de Ferro 2
Melhor figurino
Alice no País das Maravilhas
I am Love
O Discurso do Rei
The Tempest
Bravura Indômita
Porque eu errei? Pelos mesmos motivos da Direção de Arte.
Melhor montagem
Cisne Negro
O Vencedor
O Discurso do Rei
A Rede Social
127 Horas
Não tem como A Rede Social não ganhar esse prêmio.
Melhor maquiagem
O Lobisomem
Caminho da Liberdade
Minha Versão para o Amor
Melhor documentário
Lixo Extraordinário
Exit Through the Gift Shop
Trabalho Interno
Gasland
Restrepo
Melhor trilha sonora
Alexandre Desplat – O Discurso do Rei
John Powell – Como Treinar o seu Dragão
A.R. Rahman – 127 Horas
Trent Reznor e Atticus Ross – A Rede Social
Hans Zimmer – A Origem
Melhor canção original
“Coming Home” – Country Strong
“I See the Light” – Enrolados
“If I Rise” – 127 Horas
We Belong Together – Toy Story 3
Melhor edição de som
A Origem
Toy Story 3
Tron – O Legado
Bravura Indômita
Incontrolável
Melhor mixagem de som
A Origem
Bravura Indômita
O Discurso do Rei
A Rede Social
Salt
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.
2 comentários em “Oscar | Previsões de 2011”
Concordo que Cisne negro foi o melhor filme do ano e Darren Aronovsky, o melhor diretor. Achei a direção de Tom Hooper, até certo ponto, conservadora, e o filme em si um pouco de 'mais do mesmo', por mais que bem feito.
Boas, bom texto e ótimo blog. Parabéns, Márcio!!