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Os Louros e os Podres de Ridley Scott

Aos 75 anos, o inglês Ridley Scott é um dos nomes mais poderosos do cinema. Para alguns ambicioso e ousado, para outros presunçoso e arrogante, o cineasta lança esta sexta o bom Prometheus e eu não perderia a oportunidade de destacar um outro adjetivo: irregular! Autor de obras-primas ímpares e de bombas imensuráveis, eis aqui os louros e podres deste gladiador.

Os Podres

Tormenta (1996)

Nunca decifrei muito bem o que Ridley Scott, apaixonado por épicos, estava fazendo detrás deste filme que tem mais cara de produção direto para televisão (embora com o confiável Jeff Bridges). Contando uma história de camaradagem e coragem, não dá para esperar menos do que clichês neste filme tolo e sem graça.


Até o Limite da Honra (1997)

Parece uma boa ideia alistar Demi Moore como uma fuzileira naval depois de tirar a roupa em Striptease? Apenas Ridley Scott achou isto e, no processo, desperdiçou Viggo Mortensen e obrigou a ex-Ashton Kutcher a raspar os longos cabelos. Chato, chato, chato!




Hannibal (2001)


Outra ideia mirabolante do cineasta: comandar a sequência de O Silêncio dos Inocentes, para muitos o melhor thriller de serial-killer da história do cinema. Depois de perder sua Clarice original (Jodie Foster pulou fora do barco e deu lugar a Julianne Moore), Ridley Scott criou um filme maçante que apenas recria a sensação do original nos 15 minutos finais… mas, aí já era tarde demais!



Um Bom Ano (2006)


O que leva um cineasta acostumado a ceifar vidas, derramar sangue e vísceras se embrenhar no mundo da enofilia e da comédia romântica? Não falta apenas timing para Ridley Scott, falta tudo nesta entediante bobagem estrelando um entediado Russell Crowe.


Robin Hood (2010)

Crowe, aliás, é parceiro habitual do cineasta, ganhando o Oscar por Gladiador, além de bons papéis em Rede de Intrigas e O Gângster (este, mais a frente). Porém, como o ladrão que roubava dos ricos e dava aos pobres e uma estética emprestada de outros longas, esta narrativa só poderia ser furada. Pior: serviu de “inspiração” (reflita sobre isto) para Branca de Neve e o Caçador.


Os Louros

Alien, o Oitavo Passageiro (1979)

Um dos filmes definitivos do cinema de horror/ficção-científica, Alien é simultaneamente tenso e aflitivo quanto claustrofóbico e inovador. Dando ao cinema aquela que viria a ser uma das mais emblemáticas heroínas do cinema – a tenente Ellen Ripley -, e ensinando a temer ductos de ventilação e o xenomorph, Ridley Scott teceu sua obra-prima no espaço. Se nunca mais fizesse cinema depois disto, já teria feito o bastante.



Blade Runner (1982)


Distopia futurística de Ridley Scott conceitualmente rica e narrativamente empolgante, além de estrelar o astro do momento, ao menos naqueles anos, Harrison Ford. Muitas versões do diretor depois e discussões sobre a natureza replicante de Deckard, o filme permanece uma das ficções-científicas de maior destaque do cinema.


Thelma & Louise (1991)

Obra-prima do basta feminino contra as múltiplas formas de violência cometidas pelo sexo oposto, Ridley Scott estava no auge neste road-movie dominado pelas magnéticas Susan Sarandon e Geena Davis. Destaque também para a participação de Brad Pitt.



Os Vigaristas (2003)


Esqueça Despedida de Las Vegas, a melhor atuação de Nicolas Cage empatada com a sua dupla participação em Adaptação foi na pele do fóbico vigarista neste inteligente jogo de gato e rato e manipulação que conta ainda com um excelente Sam Rockwell. Ridley Scott também tem um de seus melhores trabalhos, desenvolvendo uma narrativa intrigante e esteticamente desafiadora.


O Gângster (2007)

O último grande filme do cineasta vale-se do hipnótico Denzel Washington, charmoso e ameaçador em igual medida, para narrar a história do traficante de drogas Frank Lucas. Um detalhista épico do crime que nada deve a seus irmãos de sangue – penso logo em Fogo contra Fogo e O Pagamento Final – e tem ótimas atuações de Russell Crowe (aceitando o papel de coadjuvante) e de Josh Brolin.

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9 comentários em “Os Louros e os Podres de Ridley Scott”

  1. Eu não tenho grandes problemas com o Ridley Scott, apesar dele ter sido o mais criticado depois do Nicolas Cage nos últimos anos. Meu problema é com seus últimos filmes (tirando, como bem indicado, O Gangster). Se bem que Hannibal tem seu charme, não acho uma bomba; tudo bem, tampouco um bom filme. E sou um dos poucos que realmente gosta de Gladiador. Os Vigaristas é excelente. Nem me lembrava que era do diretor. No mais, boa lista.

  2. Assisti à Prometheus e achei muito aquém do esperado. Achei a ideia boa, porém muito mal executada. Fiquei com a impressão de que no meio do filme a história já estava perdida e era apenas um filme trash de terror, mostrando monstros estranhos e sem graça. Acho que deveria estar na próxima lista do piores filmes deste grande diretor.

  3. Eu não considero Hannibal tão podre assim. Acho que ele peca um pouco por ter mais ações de "terror e suspense" do que seu terror psicológico tão bem empregado em O Silêncio dos Inocentes. Mas, tem cenas bem trabalhadas…

    Robin Hood de fato foi fraco, rs.

    Abs!

  4. sinceramente amigo cinéfilo falar em ridley scott e nao falar no filme Os Duelistas, com o perdão da palavra, é sacanagem, O filme é como se fosse pintado por Rembrandt, vou ser bem sincero, nao existe outro fime que tenha uma iluminação e uma imagem tão bonita.

  5. Acho que da lista de piores eu tiraria ROBIN HOOD, filme de que realmente gosto (vi dias atrás a versão do diretor com 15 minutos a mais e gostei mais ainda). Entre os melhores, talvez incluísse CRUZADA, mas esse é um que preciso rever. E, nos louros, embora ame ALIEN e goste das 'versões do diretor' de BLADE RUNNER (mais ambíguas, mais dramáticas), é o maravilhoso THELMA E LOUISE que é meu favorito do diretor.

  6. Na verdade, vi pouca coisa do Ridley (inclusive, não assisti Alien!). Mas concordo com o Robin Hood: uma grande besteira (fiquei impressionado que no fim de semana de sua estreia, O Segredo dos Seus Olhos, já atrasado em Goiânia, teve mais gente na sessão que ele – ao menos nas que fui). Blade Runner é mesmo ótimo, a mistura perfeita entre ficção-científica e o noir. Já Thelma e Louise sou um grande fã, o final é lindo. Recomendo o livro do Syd Field que analisa o roteiro do filme!

  7. Ate o limite da honra tinha um bom roteiro,porém,ter escalado a Demi moore foi o erro,demi acabara de sair do maior fracasso da decada de 90 e ele a escalou para uma personagem de grande carga dramatica e demi nao tem essa competencia e sua imagem estava manchada com "Striptease" o que nao favoreceu a imagem de ate o limite da honra…se fosse outra atriz no lugar,talvez teria saido melhor.

  8. Ate o limite da honra tinha um bom roteiro,porém,ter escalado a Demi moore foi o erro,demi acabara de sair do maior fracasso da decada de 90 e ele a escalou para uma personagem de grande carga dramatica e demi nao tem essa competencia e sua imagem estava manchada com "Striptease" o que nao favoreceu a imagem de ate o limite da honra…se fosse outra atriz no lugar,talvez teria saido melhor.

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