10) Contato (1997): a paixão e obstinação de Eleanor Arroway, personagem de Jodie Foster, em descobrir o que há além das estrelas é o combustível desta ficção-científica que, acima de tudo, estimula a a busca por respostas em vez de aceitar comodamente os mitos escritos a milhares de anos. Tudo isso, no entanto, sem atacar covardemente quem acredita em um ser superior.
9) A Bela da Tarde (1967): discute elegantemente a libertação sexual feminina, e porque não as fantasias sexuais e a ninfomania, recorrendo ao surrealismo típico da obra de Luís Buñuel apenas no desfecho devastador. Destaque para a frígida Catherine Deneuve, em uma composição que ressalta a impossibilidade de sua personagem em saciar seu apetite.
8) A Viagem (2012): Tom Tykwer, Andy e Lana Wachowski (Matrix) realizaram uma obra ambiciosa que se expande ao longo dos séculos (e de gêneros: comédia, suspense, ficção-científica, drama pós-apocalíptico, etc) para expor a transcendentalidade do espírito humano. Resultado: uma narrativa fluida e muito bem montada com mistérios e camadas que o espectador terá o prazer de desvendar em visitas sucessivas.
7) Carlos (2010): uma minissérie exibida em festivais como um filme de 5 horas e meia que cobre a carreira criminosa do terrorista Carlos, o Chacal, com uma absurda riqueza de detalhes e fatos. Um retrato que sequestra a atenção do espectador, e só a devolve no instante em que os créditos sobem. Que atuação de Édgar Ramírez!
6) Alien, o Oitavo Passageiro (1979): no espaço, ninguém pode ouvi-lo gritar. Com este brocado, surgiu um dos grandes marcos do cinema de terror e uma das maiores heroínas da história: Ellen Ripley. A claustrofobia dentro da Nostromo, a direção de Ridley Scott e o uso eficiente da trilha sonora também se destacam.
5) O Processo (1962): Orson Welles adapta o pesadelo de Franz Kafka com a sua costumeira habilidade detrás das câmeras. Planos milimetricamente bem planejados, a mise-en-scène caprichada e enquadramentos perturbadores fazem deste um filme à altura de Cidadão Kane. Precisa dizer mais?
4) Lawrence da Arábia (1962): fiquei bastante triste de não ter assistido ao épico dos épicos durante a Mostra de São Paulo deste ano. Lamentos a parte, uma das muitas obras-primas de David Lean tem uma das fotografias mais espetaculares que eu já vi, além de contar com um protagonista enigmático, narcisista, cruel e cativante.
3) A Noite Americana (1973): a paixão de François Truffaut pelo processo de produção cinematográfica transborda em um dos filmes metalinguísticos definitivos, cujo maior mérito é funcionar em dobro: tanto o filme dentro do filme, Je vous salue Pamela, quanto no esforço do diretor Ferrand em terminar, seja como for, suas filmagens.
2) Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977): aqui, Truffaut humildemente participa como ator neste trabalho de Steven Spielberg que reproduz da forma mais fidedigna (ao menos a meu ver) como sucederia uma invasão alienígena. Emocionante e marcante como os acordes musicais usadas para comunicação.
1) Os Bons Companheiros (1990): se o universo dos gangsteres tem o seu rei, ou melhor, Padrinho, o épico do crime de Martin Scorsese é o que mais se aproximou para usurpar a sua cora. Um filme magnífico com um trio principal afinadíssimo: Ray Liotta, Robert De Niro e, claro, Joe Pesci.
Outros 40 grandes clássicos que levarei comigo na minha memória cinéfila:
A Árvore do Amor (2010)
A Música segundo Tom Jobim (2012)
A Separação (2011)
Anna Karenina (2012)
As Duas Inglesas e o Amor (1971)
Divórcio à Italiana (1961)
Drive (2011)
Era uma vez na América (1984)
Escola de Rock (2003)
Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977)
Fausto (1926)
Harakiri (1962)
How to Survive a Plague (2012)
Império do Sol (1987)
Indomável Sonhadora (2012)
Jules e Jim – Uma Mulher para Dois (1962)
Killer Joe – Matador de Aluguel (2011)
Marley (2011)
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977)
Nosferatu (1922)
O Abrigo (2011)
O Anjo Exterminador (1962)
O Enigma de Outro Mundo (1982)
O Espião que Sabia Demais (2011)
O Exterminador do Futuro (1984)
O Fantasma da Liberdade (1974)
O Homem de Alcatraz (1962)
O Homem que Matou o Facínora (1962)
O Pagador de Promessas (1962)
O Último Concerto de Rock (1978)
Os Incompreendidos (1959)
Os Intocáveis (1987)
Pink Floyd The Wall (1982)
Polissia (2011)
Raul – O Início, O Meio e o Fim (2012)
Sob o Domínio do Mal (1962)
Sr. Ninguém (2009)
Tempestade sobre Washington (1962)
Tempos Modernos (1936)
Um Alguém Apaixonado (2012)
Para fechar o ano, agradeço a todos que nos visitaram, comentaram, elogiariam e também criticaram (e até xingaram). Agradeço ainda as amizades que fiz ao longo do ano e mesmo aqueles que, por algum motivo, distanciaram-se, mas não deixaram de me ajudar e corrigir os inúmeros erros que cometo diariamente. Para quem estiver mais interessado em conhecer TODOS os 545 filmes que eu assisti neste ano, então acesse minha lista no IMDb de filmes de 2012.
Um bom réveillon a todos e um feliz 2013!
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.