Aposentado desde quando lançou Atormentada, em 2010, John Carpenter, um dos mestres do terror, abandonou o cinema para dedicar-se à música, outra paixão, e investir o tempo livre jogando videogame. Sua filmografia, assinada desde o título, carregava o forte sentimento de paranoia característica do auge da guerra fria e transformava a desconfiança e a insegurança nas premissas de atmosferas aterrorizantes e hostis. O realizador, autor de clássicos do cinema, celebra 69 anos, e em sua homenagem, a lista com seus melhores trabalho.
5 – À Beira da Loucura (1994) – Tinha apenas 12 anos. Havíamos comprado uma antena parabólica (aquele modelo enorme) e, sempre que zapeava pelos 5 canais disponíveis (Telecine, Multishow, GNT, Fox e Sportv), deparava-me com a trama deste terror psicológico e, por que não, apocalíptico, em que um agente de seguros (Sam Neil, de Jurassic Park) é enviado a uma cidadezinha remota para descobrir o paradeiro do escritor Sutter Cane (Jurgen Prochnow), uma espécie de sátira de Stephen King. O filme é tão assustador quanto mais mergulha na psiquê torturada do protagonistsa e no panorama desolador com que ele se depara.
4- Fuga de Nova Iorque (1981) – É um clássico do cinema de ação distópico, em que o criminoso Snake Plissken (Kurt Russell, o ator favorito do cineasta) é enviado para resgatar o presidente dos Estados Unidos depois que sua aeronave foi abatida nos céus de Manhattan, agora uma grande prisão a céu aberto. Bastante influenciado pelo gênero faroeste, eis porque Lee Van Cleef interpreta o vilão, é uma ode escapista que usa a violência para enfrentar o sistema.
3- Assalto à 13ª DP (1976) – Refilmagem de Onde Começa o Inferno (1959), John Carpenter recontextualiza a ação para os tempos atuais em que um sargento alia-se a bandidos para proteger a delegacia do ataque de uma gangue. De baixíssimo orçamento, o que não significa que sonegue ação e suspense, este clássico novamente recorre à violência para retratar o instinto de sobrevivência do homem apesar das desvantagens opostas pela vida.
2- Halloween (1978) – Filme seminal do gênero slasher, conta a história de Michael Myers, que depois de fugir do hospital psiquiátrico onde estava internado desde que matou a irmã, retorna à cidade natal (Haddonfield) para vingar-se. Carpenter não negou haver buscado inspiração em Psicose, com o qual este filme compartilha a violência extrema e o suspense crescente, angustiante e sufocante causado por uma força da natureza mascarada com os olhos do demônio.
1- O Enigma de Outro Mundo (1982) – Na Antártida, base norte-americana é atacada por uma criatura alienígena capaz de assimilar seres vivos e contaminá-los em monstros, o que joga uns contra os outros apesar dos esforços de MacReady (Kurt Russell) em combater a praga. É assustador por recorrer a medos primários do ser humano, inclusive a claustrofobia e o medo de ser destruído internamente por uma força aniquilante, e também faz um panorama completo da guerra fria ao introduzir o sentimento de discórdia entre os membros da base.
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.