Como tem sido costume nos últimos anos, a seguir a lista dos piores filmes inéditos, exibidos comercialmente no Brasil, nos cinemas, em 2016. Estão de fora, portanto, filmes apresentados somente em festivais e lançamentos nas plataformas de vídeo por demanda (netflix, iTunes, Now etc). Garanto esforçar-me, em 2017, para incluir TODOS os filmes inéditos, independente da plataforma onde sejam exibidos.
10- Bruxa de Blair
A tendência contemporânea de reviver franquias com sequências que mais parecem reboots (quase) atinge o fundo do poço neste terror tépido, bagunçado, estúpido e desprovido do que tornou o original um clássico: o realismo do terror no semblante dos personagens.
9- 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi
A gente pensa que Michael Bay amadureceu. Aí vem o sujeito assinar contrato para outro Transformers (oh, garoto…) e dirigir este panfleto militarista em que os soldados norte-americanos, bastiões da paz mundial, são encurralados por sorrateiros inimigos do oriente médio. Nem a Guerra Fria consegue ser mais míope do que o diretor, apaixonado com a ideia de enquadrar os músculos torneados dos soldados no pôr-do-sol, mas sem a menor ideia do que seja decupagem.
8- Invasão a Londres
O que deveria ser um entretenimento passageiro do cinema de ação (não há nada de errado com isto antes que vocês me perguntem) esbarra no roteiro preconceituoso e pateta, disse também que era clichê?, em que Mike Banning parece ser a única pessoa com meio neurônio funcionando.
7- O Caçador e a Rainha de Gelo
A trama mais empolgante que surgiu da “franquia” (cof cof) iniciada com Branca de Neve e o Caçador foi mesmo o caso amoroso entre Rupert Sanders e Kristen Stewart, pois esta continuação é tão congelada e inerte quanto o título sugere, além de ser um esforço infantil de desenvolver um Frozen sombrio e um desperdício monstro de três grandes atrizes.
6- Anjos da Noite – Guerra de Sangue
Deus sabe por que resolveram ressuscitar a guerra entre vampiros e lycans, o nome chique dos lobisomens, em uma trama que parece haver involuído nas sequências de ação burocráticas e (d)efeitos especiais, mas mantém-se fiel nas razões de uma briguinha que dura milênios: afinal, para quê lycans se os vampiros podem se autodestruir, como já fizeram em todos os outros filmes?
5- Inferno – O Filme
Robert Langdon é, presumidamente, um dos homens mais cultos, sábios e desenrolados do mundo interior, porém duvido que ele consiga explicar por que o diretor vencedor do Oscar Ron Howard e o ator tarimbado Tom Hanks toparam participar desta continuação após o fracasso de Anjos e Demônios e em face ao roteiro capenga que poderia ser resolvido, pelo vilão, logo na primeira cena.
4- Jack Reacher – Sem Retorno
Você espera tudo de Tom Cruise, filmes bons ou ruins, mas nunca que o ator esteja tão entorpecido e desinteressado quanto nesta continuação, que empalidece inclusive em comparação com o cinema de ação B da década de 80. Mas desconfio que nem se ele conferisse a Jack Reacher sua intensidade habitual, o filme sairia da marcha ré.
3- Independence Day – O Ressurgimento
Mais um caso de sequência/reboot, mas com um diferencial: afora a nostalgia, o filme de 1996 não é bom. Então, se nosso # 10 quase chegou ao fundo do poço, este permanece lá indefinidamente, graças a novos personagens nada carismáticos, cenas de ação ruins e um roteiro tão furado que é difícil acreditar que 5 pessoas estiveram envolvidas no seu desenvolvimento.
2- Esquadrão Suicida
A ideia de reunir supervilões, ou ao menos mercenários dispensáveis, para realizar serviços sujos para o governo não é nova quanto a DC quis que acreditássemos: Os Perdedores, Esquadrão Classe-A, Os Mercenários, todos fizeram o que Esquadrão Suicida apenas redecora e com mais personalidade, sobretudo o primeiro citado (que é um filmão de ação, aliás). Com exceção de Margot Robbie, que ao menos diverte-se, o resto do elenco leva-se a sério demais numa trama boba, simplória e que não faz jus aquilo que supervilões têm de melhor: a amoralidade.
1- É Fada!
Por mais que eu quisesse dar o título de pior filme do ano para Esquadrão Suicida, eu não posso fingir que não vi este projeto de vaidade, subdesenvolvido e que beira o insuportável, tanto que despertou uma ideia adormecida de abandonar um filme pela metade (algo que, no meu entender da profissão de crítico de cinema, é imperdoável).
Tantos filmes ruins e você quer mais o quê? Uma listinha, em ordem alfabética, com outras 10 produções que envergonharam os irmãos Lumière, ou melhor, menções desonrosas:
Alice: Através do Espelho
Amor à Altura, Um
Angry Birds – O Filme
Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição
Ben-Hur
Casamento Grego 2
Contador, O
Loucura de Mulher, Uma
Maior Amor do Mundo, O
Truque de Mestre 2
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.