Na sequência, a lista dos 10 melhores atrizes em filmes exibidos comercialmente, nos cinemas brasileiros ou em plataformas de vídeo por demanda (Netflix, Net Now etc) em 2017. Esta é a razão por que há atrizes de produções que concorreram ao Oscar desta ano, mas que apenas estrearam nacionalmente nos primeiros meses do ano. Nos links estão as críticas escritas e publicadas.
10- Jessica Chastain, Armas na Mesa
A lobbista Elizabeth Sloan hábil em se esgueirar nos corredores e atalhos do Congresso norte-americano agora tenta emplacar uma legislação que restringe o acesso a armas de fogo, mexendo no vespeiro que é o direito existente na segunda emenda da constituição daquele país. Jessica Chastain não se intimida e veste o terninho da mulher forte, independente e casca grossa em uma atuação que, no mundo perfeito, teria sido lembrada no Oscar 2017.
9- Doria Tillier, Monsieur & Madame Adelman
Não conhecia esta atriz francesa, mas após esta performance multifacetada e convincente jamais esquecerei. Com um sorriso por que é fácil se apaixonar e desejar intensamente, Doria Tillier interpreta uma mulher cujo enigma começa a ser desvendado aos poucos à medida em que o romantismo começa a ser substituído pela rotina. Bem, faça como eu, descubra esta maravilhosa atuação.
8- Danielle MacDonald, Patti Cake$
Patti ou Killa P. sonha em se tornar rapper e fugir da pecha ingrata de white trash que arrasta enquanto rascunha rimas, e precisaria estar com o coração em pedra para não me apaixonar pela atuação honesta de Danielle MacDonald e na autenticidade com que derrama o coração nas canções que elabora e canta.
7- Sally Hawkins, Maudie
Certamente veremos Sally Hawkins no Oscar 2018 por sua interpretação adocicada e determinada em A Forma da Água, embora não posso esquecer de Maudie, lançado apenas em plataformas de vídeo por demanda (Net Now, p. ex.). Atuando fisicamente, por meio da maneira com que contorce a mão, projeta a corcunda e manca, e emocionalente, com um espírito seguro apesar das adversidades que posam diante de si, Sally Hawkins encanta-nos nesta biografia que merece sua locação.
6- Florence Pugh, Lady Macbeth
Com uma mistura de traços de Rachel Weisz e Chloe Grace Moretz, com um quê de ingenuidade e calculismo, a britânica Florence Pugh arrasa em seu trabalho de estreia. Após ser humilhada pelos homens ao seu redor, a Lady Macbeth se transforma em uma mulher fria cuja vilania transborda em uma indiferença que gela a espinha de quem assiste.
5- Daniela Vega, Uma Mulher Fantástica
Atriz transgênero e cantora lírica, Daniela Vega revela, com realismo, as camadas do preconceito que sua personagem e, por que não, ela própria sofrem: a reserva de quem sabe que pouquíssimos terão a empatia de entender a dor que guarda, a revolta diante da violência verbal e física que sofre e o exorcismo do trauma para se reafirmar perante si própria. A atuação é intensa e envolvente e fortalece o sentimento de inconformismo do espectador diante dos abusos que Marina enfrenta.
4- Kim Min-hee, A Criada
Sem a metamorfose de Kim Min-hee, este thriller convoluto de Park Chan-wook não funcionaria. Capaz de se adaptar à transformação de sua personagem na narrativa e se manter a frente do espectador, Kim manipula-nos como já fizera Rosamund Pike em Garota Exemplar, embora, arrisco a afirmar, de forma ainda mais audaciosa e tenaz.
3- Cynthia Nixon, Além das Palavras
Se você quiser encenar a vida de alguém como a poetisa Emily Dickinson, você precisa de alguém à altura da tarefa, e Cynthia Nixon entrega uma atuação irrepreensível, repleta de alternâncias e sentimentos tão bem construídos que até esquecemos que a atriz de 51 anos interpreta uma jovem com metade da idade. O melhor papel de sua carreira.
2- Maria Ribeiro, Como Nossos Pais
Maria Ribeiro interpreta dezenas de milhões de mulheres brasileiras no papel desta Rosa que não se despedaça por causa da perfeição exigida pela sociedade em múltiplos domínios: a vida profissional, a família, o casamento. Rosa aprenderá a se manter equilibrada sobre esta bicicleta da vida ao longo de sua jornada de redescoberta, reaprenzidado e reaproximação com sua mãe e consigo própria.
1- Jennifer Lawrence, mãe!
Parte do público tem enorme preconceito com atrizes jovens que alcançam reconhecimento meteórico, e ninguém polariza a opinião hoje em dia como J. Law, que, neste thriller psicológico do então namorado Darren Aronofsky, oferece a melhor performance de sua carreira. Uma musa, a semente da criação ou somente uma mulher, Jennifer come o pão azedo que o diabo amassou com sofrimento, passividade e resignação, mas sem jamais deixar de tocar nosso coração.
Menção Honrosa: Como preparei esta lista na quarta-feira, 27, não havia conferido a atuação de Kate Winslet em Roda Gigante, que disputaria, seguramente, uma posição neste Top 10.
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.