Com este vídeo, proponho uma interpretação de Colateral, filme dirigido por Michael Mann, estrelado por Tom Cruise e Jamie Foxx, indicado a 2 Oscars, a partir do conflito entre ordem e caos.
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A seguir, o texto que escrevi no meu instagram a respeito do filme:
Michael Mann (Fogo Contra Fogo, O Informante) é um diretor na fronteira entre o clássico e a vanguarda: seus dramas policiais e criminais mantém elementos temáticos e narrativos tradicionais, porém injetados com uma personalidade que começa, no caso de Colateral, na estética: o filme é todo fotografado em digital sem nenhum trabalho adicional para dar-lhe aparência de ser em película. Esta opção, além de esteticamente bonita e inédita no gênero, também confere um ar de desolação às jornadas de Max e Vincent.
O primeiro representa a ordem, a partir de como tenta manter o mais limpo possível seu táxi; o segundo, por suas ações, é o caos. É como se as figuras de mocinho/taxista e bandido/matador simbolizassem os pensamentos filosóficos existencialista e niilista dentro das regras de thriller criminal. Esta Los Angeles desconectada é o cenário em que o acaso se coloca no caminho dos personagens: por melhores sejam no que fazem (aqui também o policial interpretado por Mark Ruffalo), eles são só variáveis no que Vincent chama de “coincidência cósmica”. Não há redenção, nem figura divina, a noite na metrópole é brutal e não respeita boas intenções. As coisas são como são, sem sentido, o maior mérito de Michael Mann.
Se La La Land enxergava uma Los Angeles de cartão postal, Michael Mann conduz o espectador por uma cidade áspera, sem identidade, um não lugar caracterizado por músicas de gêneros variados ou por cores néon como filtro de um pano de fundo indiferente e desolador.
Não há melhor cenário para que duas ótimas atuações (Jamie Foxx e Tom Cruise) debatam propósito enquanto o primeiro conduz o último para sua jornada de matança. É um filmão que só melhorou com a minha revisitação.
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.