Crítica: Está na hora de refletir a respeito do entretenimento e de como esta palavra passou a ser empregada para escusar um mundo de filmes ou séries preguiçosos e mal acabados, que não sabem o que fazer com seus talentos.
Ah, Márcio, deixa de ser chato. Nem todo filme é para refletir, alguns são apenas para curtir por 2 horas. Sempre que vocês falam isto, um roteiro divertido do quilate Piratas do Caribe, John Wick ou Missão: Impossível é engavetado para que um esforço igual a Alerta Vermelho surja.
Com 200 milhões em orçamento, Alerta Vermelho deveria ter direção, roteiro e efeitos visuais melhores em vez de se aproveitar do carisma e notoriedade de seu trio de astros para tentar salvá-lo da mediocridade e falta de criatividade: lutas e trocas de tiros e perseguições de carro caretas, fundos verde com touros ou veículos digitais mal acabados e viagens ao redor do mundo que, porém, haja qualquer identidade nos lugares visitados (exceto quando falamos da América Latina, quando a execução encontra a discriminação).
Dwayne Johnson franze a testa o filme inteiro tentando dar vida a seu personagem, mas sem se esforçar, enquanto Gal Gadot arqueia suas sobrancelhas e prepara o carão para compensar o talento limitado. A química que existe entre eles é inexistente, e só tem um respiro com Ryan Reynolds que repete o mesmo papel desde Deadpool (apesar de não ser eu que o criticarei enquanto continuar acertando metade das tiradas que dispara).
Se mesmo o trio de super astros, que deve ter custado metade deste orçamento, não se desafia a transformar o filme em algo melhor, que dirá então do diretor Rawson Marshall Thurber (de filmes derivados como Um Espiã e Meio, Arranha-Céu e Família do Bagulho, seu mais divertido trabalho). Alerta Vermelho é só uma colagem de cenas de ação que já vimos em filmes melhores interpretada por atores que já estiveram igualmente melhores. Não me entreteve, é só um desperdício de 200 milhões de dólares.
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.