Aumentando seu amor pelo cinema a cada crítica

Ajustando um amor, romance bem mais profundo do que parece

Sinopse – O que você faria se pudesse viajar para o passado de seus da pessoa que você ama, curar seus traumas, resolver seus problemas e transformá-la no parceiro perfeito?

Elenco: Kaley Cuoco, Pete Davidson
Diretor: Alex Lehnmann

AJUSTANDO UM AMOR está disponível na Prime Video.

O que você achou do filme?

Minha crítica:

Adoro os trabalhos anteriores de Alex Lehmann (Paddleton e Blue Jay), mas aqui o diretor somente desenvolveu marginalmente um potencial de humanidade que há no roteiro de Noga Pnueli.

É um tema sensibilíssimo este da depressão com tendências suicidas e da busca por porto seguro ou refúgio num relacionamento artificial, seja qual for, associado ainda à possessividade e à prática de stalker e ao estilo de atuação hiperativa de Kaley Cuoco, em que o desespero e a comicidade se confundem de modo inseparável.

Para completar, esse romance (ou “romance”) temporal ainda investe em personagens caricatos transformados em fontes de sabedoria: o dono do restaurante indiano e a dona do salão de beleza que é quem detém a máquina do tempo que permite à protagonista reviver o mesmo incontáveis vezes.

Imagina viver em um loop por opção própria? É mais ou menos assim, misturado com um quê de macabro que a narrativa torna em fonte de humor e varre sob o tapete sem explicações ou aprofundamentos (apesar de ter implicações existenciais profundas… sem entrar em spoilers, falo da destruição da depressão de um modo extremo).

Então por que 3 estrelas?

Alex não tem a sensibilidade que o material exige, e mesmo o material não tem a lógica interna que o tema requer, não em explicações – não é a primeira vez que vemos viagens no tempo -, mas em implicações e consequências na trama.

Mas ele tem o domínio da forma. A profundidade de campo rasa é o modo com que Sheila enxerga a prisão temporal que criou ao redor dela e de Greg, sufocando-o em uma versão sem foco de Nova York, como se este fosse a resposta de suas dores existenciais.

É um relacionamento criado sob pretextos egoístas, logo falsos, e iluminado por luzes intensas quentes e frias correspondentes aos estados de espírito de Sheila (em detrimento do verde sereno na fachada do salão de beleza) e elementos artificiais de uma Nova York cuja beleza é também forjada por arranha-céus e iluminação noturna.

Eu acho que Scheila e Greg não têm química, e que a direção é ciente disso, embora torne esse “relacionamento” meio de elucubração e de desconstrução das questões que a protagonista deve lidar.

Dentro da obra do diretor, é compreensível o interesse no roteiro, que resultou em um filme curto (79 minutos até os créditos), problemático dependendo de como você interprete esta e aquela viagem no tempo e antirromântico, ainda que tente enganar-se do contrário.

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