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Gunther: O Cachorro Milionário, você não vai acreditar nesta história!

Sinopse – Quer mais loucura do que um cachorro com uma herança milionária? Aqui vai: o cuidador de Gunther também levava uma vida de luxo com um séquito digno de um líder de culto.

Gunther: O Cachorro Milionário está disponível na Netflix.

Crítica:

Tenta, muito, em ser A Máfia dos Tigres de 2023 e falha no processo, porque demora a reconhecer que não é a quantidade de reviravoltas, mas o elemento humano que é atraente.

Gosto de ser surpreendido, e a minissérie certamente tem momentos para satisfazer quem busca nisto a métrica da subjetividade. Mas há reviravoltas em excesso comparadas com o tratamento dado a cada uma delas, a exemplo de uma, no 4º episódio, brutalmente chocante embora receba apenas míseros minutos de atenção.

A ênfase na trama rocambolesca não pode custar o desenvolvimento dos personagens, mesmo que os personagens sejam detestáveis ou, ao menos, fúteis o bastante para que não tenham nada que possamos extrair nem que os espremêssemos até tirar todo o suco narrativo que podem dar.

É por isso que a direção coloca em campo o que, geralmente, está “fora de campo” e deixa à mostra os equipamentos de iluminação, o cenário produzido e as conversas informais entre equipe e os atores sociais. Afinal, tudo é falso, encenado, artificial e experimentação a fim de investigar a natureza humana, até o documentário; daí porque é frustrante que haja menos tempo concedido para entender a mente daquelas pessoas (com exceção de Maurizio).

E é justo esse sujeito a espinha dorsal do documentário, colocando o pastor alemão mais rico do mundo de lado (literalmente, no segundo plano nas imagens). Maurizio é intrigante, pois embora não tenha tido a minha compaixão (não quer, aparentemente), transparece um vazio existencial e sofrimento que nenhuma riqueza, luxo, mansões, festas e hedonismo jamais poderão preencher.

Nesse momento que as revelações e reviravoltas caem melhor, pois ajudam a ressignificar tudo que assistimos e até o título original em função do elemento humano (e animal). Assim, surpresas costumam ser boas, porém são pessoas com quem nos relacionamos: falíveis, superficiais, criminosas inclusive. Não é para gostarmos de Maurizio ou daqueles que pipocam no documentário e usufruem a fortuna de um cachorro. É para percebermos que o plot twist só costumar fazer sentido além de um choque imediato quando ajudam a reavaliar os personagens que julgávamos conhecer.

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