Grandes amigos e totalmente opostos, Debbie e Peter trocam de casa por uma semana. Será que essa experiência vai abrir as portas para o amor?
Direção e roteiro: Aline Brosh McKenna
Elenco: Reese Witherspoon, Ashton Kutcher, Jesse Williams, Zoë Chao
Disponível na Netflix
O que vocês acharam do filme?
Crítica:
Eu entendo a dinâmica de “eles se amam, mas não tem coragem de admitir”, e como esta ideia é reforçada dentro da narrativa que não permite que a distância física seja sinônimo de distância afetiva (oi, Sintonia de Amor!).
A divisão de telas que aproxima Debby e Peter, mesmo quando estão distantes, é óbvia, mas eficiente visualmente por não ser empregada exaustivamente e se comunicar com as relações modernas.
Meu problema está em como as vivências em Los Angeles e Nova York são apagadas pelo que é mais genérico: as ladeiras e os tipos exóticos de LA (Steve Zahn de jardineiro, em papel que poderia ser de Matthew McConaughey) ou o dinamismo e pedantismo de NY.
Nem mesmo as músicas licenciadas escapam de um lugar-comum, com dois atores que têm comédias românticas no currículo criando química com a interface do celular, enquanto aprendem a enxergar que poderia ter aproveitado melhor o passado se tivessem deixado de serem teimosos.
Peter pode tentar ser o pai que o seu não foi; Debbie descobre que tem sido uma mãe possessiva e controladora demais. A chegada de uma “figura paterna” descolada e irreverente de Two and a Half Man oferece a Jack a oportunidade de sair da bolha (embora não sei se a melhor solução seja agradar o amigo que não curte sua amizade).
Aliás, consigo ver um mundo de críticas caso o filme não fosse escrito e dirigido por Aline Brosh McKenna: a visão materna de Debbie é meio estereotipada – para dizer o mínimo – enquanto Peter parece ser como a Mary Poppins masculina que chegou e resolvou a vida de Jack. Não sei, não desceu bem.
Nem dá para reclamar a falta de química entre Reese e Ashton, dada a estrutura da comédia romântica, mas eu esperava que o ator estivesse mais a vontade. Costumo metrificar romances pela química ou pelo sentimento de que, ao fim, o casal terá um final feliz pelo tempo que precisam. Não há um, nem o o outro.
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.