Aumentando seu amor pelo cinema a cada crítica

Somos Todos Um Tanto Estrangeiros

Terra Estrangeira

1996

110

Diretor: Daniela Thomas, Walter Salles

Alex quer voltar para o Brasil, nem que seja para morar debaixo do Minhocão. Está cansada de viver em um lugar que não a reconhece, onde a língua, apesar de também ser portuguesa, não comunica afeto.

Paco quer deixar o Brasil. Ele precisa ver o que os olhos de sua recém-falecida mãe tanto ansiavam em San Sebastián, na Espanha, cidade natal dela.

E o Brasil? Bem, o Brasil está à deriva. Nem ele mesmo se reconhece: está sem cor, sem vida, sem esperança, em tempos de um governo que reteve as economias de todos os seus cidadãos.

Somos todos um pouco estrangeiros quando até o nosso próprio país deixa de carregar a promessa dos sonhos que cultivávamos.

Somos estrangeiros também na vida até que encontremos num outro um lugar de acolhimento. Veja, este outro não é um pedaço de terra, é um abraço, uma alma, um aconchego que, generosamente nos oferece um cantinho de afeto e nos enxerga como nem sabíamos mais que podíamos ser. Pode ser romântico, pode ser fraterno, mas é na troca com esse outro que achamos o pertencimento.

Assim é com os protagonistas de Terra Estrangeira, de Walter Salles e Daniela Thomas. Eles embarcam além-mar em busca de um lugar de descanso, mesmo que isso signifique arriscar sua integridade física, afinal, a emocional já está comprometida.

Um filme com uma fotografia impecável, estrelado por Fernanda Torres, que é, por si só, uma força da natureza, e com um dos desfechos mais marcantes do cinema — pelo menos para mim.

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2 comentários em “Somos Todos Um Tanto Estrangeiros”

  1. Alvaro Goulart
    Alvaro Goulart

    Que sensacional essa presença por aqui! Seja bem vinda, Ka! Amei o texto! O sentimento de deriva e não pertencimento costura tantas vidas por esse mundo. E o não-lugar, acaba sendo o lugar em comum. Uma visão sensível de quem tem a vivência. Sucinta e cirúrgica.

    1. Karla Vasconcelos

      Muito obrigada por essas boas-vindas calorosas, meu amigo! De fato, o filme me toca nesse lugar de estrangeira.
      Estou animada e honrada em poder colaborar ao seu lado por aqui. 🙂

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