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Festivais | Varilux de Cinema Francês (Dia 3)

05) Um Gato em Paris (Une Vie de Chat, 2010, França). Direção: Jean-Loup Felicioli e Alain Gagnol. Roteiro: Alain Gagnol e Jacques-Rémy Gired. Vozes de: Dominique Blanc, Bruno Salomone, Jean Benguigui. Duração: 70 minutos. Cotação: 3 estrelas em 5).

Pareceu-me somente apropriado que a trilha sonora de Um Gato em Paris pegasse emprestado muito do tema de O Cavaleiro das Trevas, uma vez que a jornada do gato Dino se parece demais com a vida de Bruce Wayne e o seu alter-ego, o Batman. De dia, ele é o pacato gato doméstico de Zoe, uma jovem garota que perdeu a voz após o traumático assassinato do pai. De noite, porém, ele acompanha Nico pelos telhados e claraboias de Paris, realizando ousados roubos que desafiam a polícia e a detetive Jeanne, a mãe de Zoe.

Evitando ser taxado de infantil, o traço da animação é obtuso, assimétrico, revelando uma Paris vista através de olhares expressionistas, e nem a catedral de Notre Dame ou a Torre Eiffel escapam a esta estilização. Da mesma forma, os rostos dos personagens não recaem na mesmice bonitinha das animações tradicionais, optando por detalhes que os individualizam, como a barba por fazer de Nico e os olhos semi-cerrados de Zoe.

Apesar de reunir satisfatoriamente e com credibilidade todos os personagens no clímax e de ser moderadamente engraçado, especialmente graças ao bobo cão Rufus, a animação jamais consegue desafiar completamente o espectador. É séria e ameaçadora as vezes, mas recaí em bobagens roubadas, aí sim, somente para satisfazer crianças; Costa, por exemplo, na beira dos gárgulas de Notre Dame, começa a argumentar com Nico se este “estava xingando a sua mãe”, uma dúvida nada natural para alguém à beira da morte, e via de regra, todos os capangas do vilão são atabalhoados ao extremo.

Tecnicamente competente e com uma boa narrativa, apesar de contar com só 70 minutos, Um Gato em Paris peca, sobretudo, no foco dado aos personagens centrais. Mas funciona bem como uma homenagem ao homem-morcego.

06) Copacabana (2010, França). Direção: Marc Fitoussi. Roteiro: Marc Fitoussi. Elenco: Isabelle Huppert, Aure Atika, Lolita Chammah. Duração: 107 minutos. Cotação: 3 estrelas em 5).

Poucas escolas de cinema conseguem trabalhar tão bem o naturalismo do cotidiano e da rotina diária, como um rotineiro relacionamento mãe e filha, igual ao cinema francês. Autêntica e com personalidade, Copacabana é um retrato maduro da crise da meia idade sofrida por Babou (Isabelle Huppert), uma mulher solteira e desempregada que resolve se mudar para uma cidadezinha da Bélgica e assumir um emprego de corretora de imóveis. Isto, porém, motivado pela rejeição da filha Esmeralda (Lolita Chammah) que, por medo de que a mãe a envergonharia no seu casamento, acaba não a convidando.

No começo, Babou é apenas extravagante, ora na forma com que se veste (o uso do sari é obrigatório em um jantar indiano), ora em pequenas ações, como um salto empolgado em uma silenciosa biblioteca. Dada a explosões emocionais que denotam a instabilidade e imaturidade da mulher, Babou aos poucos revela uma bondade inata, mas perigosamente ingênua e confidente, um prato cheio para sofrer frustrações daqueles que não atingem as elevadas expectativas que cria.

O diretor Marc Fitoussi parece determinado em aproximar Babou ao público, seja quando ela auxilia um casal de mendigos, na amizade com a chefe e a tentativa irrestrita de estreitar os laços com a sua filha. Eventualmente, na falta de uma conclusão intensa, o roteiro abusa da sorte para encerrar a jornada daquela estranha mulher, apaixonada pela música e cultura brasileira (o porquê realmente não entendemos, mas o roteiro dá pistas de que somos tão excêntricos quanto Babou!).

Mesmo encerrando com otimismo, Copacabana, assim como quase todos os outros personagens da produção, acaba não sendo tão notável ou surpreendente quanto sua protagonista.

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