Resumida na figura de sua mãe (Catherine Keener), praticamente desempregada, e na irmã adolescente Claire, a família de Max o reprime e, na falta de amigos, ele se refugia no interior de sua imaginação para confrontar diversas de suas facetas emocionais na forma de criaturas fantásticas. No meio destes, Max transforma-se no centro das atenções que tanto almejava ser para sua família.
Usando simbolismos, o diretor Spike Jonze apresenta rimas visuais que nos remetem à personalidade de Max. Assim, um barco atravessando um mar furioso na ida (em contraste de outro mais tranquilo na volta) representa a passagem de um estado de confusão para outro mais tolerante. O deserto, por sua vez, simboliza a solidão do protagonista, onde as criaturas são determinadas facetas do garoto: da depressão ao egoísmo.
Contudo, na figura de Carol (voz de James Gandolfini) é que Max conhecerá seu lado inundado de mágoas e rancor. Com o desejo de manter a família unida – e assim K.W. (voz de Lauren Ambrose) representa a frustração por fugir periodicamente deste convívio – Carol não apenas se entristece com as promessas não cumpridas por Max como revela um semblante autodestrutivo e prejudicial a todo aquele meio.
Com um ótimo ator juvenil, que não apenas convence na infantilidade, como também fascina com a alegria, bem como a tristeza e raiva quando tenta recriar todas as brincadeiras infantis a que submete sua imaginação.
Ilustrando Max sendo devorado para renascer amadurecido e complacente, Onde Vivem os Monstros pode até parecer sombrio demais para crianças, porém sua mensagem de amor é universal e acessível para todas as idades.
Avaliação: 4 estrelas em 5.
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.
1 comentário em “Crítica | Onde Vivem os Monstros”
A única coisa que pra mim não fez muito sentido foi a tradução tosca do título do filme. Quando fui ao cinema, achei tratar-se de um filme infantil, porem nao foi exatamente o que encontrei… e confesso que o filme me surpreendeu de uma maneira agradavel. Bom filme, mas nao para criancas.