Aumentando seu amor pelo cinema a cada crítica

Apollo 18 – A Missão Proibida

Ficha Técnica: Apollo 18 – A Missão Proibida (Apollo 18), 2011, Estados Unidos/Canadá. Diretor: Gonzalo López-Gallego. Roteiro: Bryan Miller, Cory Goodman. Elenco: Warren Christie, Lloyd Owen, Ryan Robbins. Duração 88 minutos.
A infelicidade do subtítulo nacional A Missão Proibida é um apenas o prenúncio do desastroso Apollo 18, a nova adição ao gênero found footage (mais detalhes sob o gênero nesse artigo). Pois, a meu ver, proibida seria o menos adequado adjetivo a ser atribuído a uma missão supostamente patrocinada pelo governo norte-americana, pelo Departamento da Defesa e a agência espacial NASA. Mas, rabugices a parte, essa bobagem supostamente de terror, não consegue se manter coerente nem mesmo na sua lógica interna, e duvido se ninguém se perguntou como diabos foram descobertos os negativos das 48 horas de filmagens algo que o roteiro de Bryan Miller e Cory Goodman não faz questão – e nem sabe como – explicar para o público. Recomendo para os mal afortunados que assistiram isto, pois a leitura está recheada de grandes SPOILERS!

Ok, vou dar mais essa forcinha para a narrativa e ignorar aquele elemento. Assim, supondo que o vídeo tenha milagrosamente caído do céu – ou da lua -, é curioso e realista revisitar os formatos de imagem mais antigos da década de 60/70, como o super 8 e 16mm, apresentando com felicidade algumas características daqueles formatos: os flares nos quadros, a alteração do contraste de alguns quadros pela exposição maior da objetiva à luz, os recortes da imagens e a perda de quadros dando o aspecto de freeze frame. Além disso, a variedade de câmeras e lentes usadas permite a criação de identidades próprias a cada ambiente. Nesse sentido, a lente olho de peixe no interior da nave acentua a sensação de claustrofobia, deformando as laterais da imagem; por sua vez, as câmeras com sensor de movimento e o zoom automático tem uma granularidade da imagem maior e o desfoque é necessário para não entendermos bem do que se trata a ameaça apresentada na primeira parte.
Consequentemente, é frustrante para um amante do cinema que esses recursos legais e interessantes sejam usados em benefício de um roteiro chinfrim e da consistência de um floco de neve. Levados a crer na união entre os astronautas, especialmente nas tomadas que apresentam um churrasco e nas confissões realizadas em depoimentos – e novamente, como foram obtidas essas imagens permanecem um mistério -, o diretor Gonzalo López-Gallego acha suficiente exibir fotos de família ou a proximidade do Natal para que seja desenvolvido a identificação necessária para que nos importemos com o destino dos protagonistas (Nota 1: não há identificação e nem preocupação com os benditos astronautas).
Depois, Gonzalo López-Gallego começa a apostar nos elementos básicos do cinema de terror: alguma coisa se move por entre as pedras lunares, estranhos ruídos e sons começam a ser ouvidos no satélite terrestre e os objetos coletados por um dos astronautas é encontrado fora do lugar. Mas, a evolução desses eventos é desastrada e desproporcional, quando acidentalmente os astronautas descobrem um módulo russo destruído cujo cosmonauta aparentemente está morto. (Nota 2: ele está morto, lógico, e é encontrado no lugar menos provável onde ele poderia estar: uma cratera lunar).
Eis que surgem gigantescos problemas no roteiro e os questionamentos são inevitáveis: o que exatamente desejava o Departamento de Defesa, a confirmação de vida alienígena ou apenas a coleta de dados na lua? Seria razoável supor que o grande escalão na sala oval, nos seus protocolos de confidencialidade, desejava avidamente a morte dos astronautas para saber a capacidade de infecção da ameaça lunar, ou eles acreditavam fortemente que os tripulantes regressariam são e salvo? Ou era tudo uma teoria da conspiração envolvendo Estados Unidos e Rússia – algo explícito nos eventos finais? (Nota 3: eu verdadeiramente acho que um estagiário acidentalmente disparou o protocolo Apollo 18, e como ninguém mais sabia como interrompê-lo, mandaram os infelizes astronautas mesmo assim).
Se você, até aqui, refutou os meus argumentos – um direito seu -, eu apresento um último que considero invencível: que diabos os roteiristas estavam pensando quando introduzirem pedras, isso mesmo, pedras, como a grande ameaça? Por um lado, eu pensei na influência de Transformers: O Lado Oculto da Lua, algo evidente se considerarmos que as pedras conseguem se transformar em aranhas; por outro, pensei que fosse uma brincadeira irônica para atrair “suspiros” do público quando descobrisse que aquela pequena rocha que guardava no fundo da última gaveta do armário, presenteada por uma grande autoridade norte-americana, na verdade era um alienígena disfarçado e preguiçoso. Ok, fico com a explicação de falta de criatividade – para manter o tom politicamente correto da crítica não uso o adjetivo que imagino mais conveniente aos roteiristas -, pois em um gênero que viu uma infecção zumbi em Rec, uma ameaça do além em Atividade Paranormal ou um gigantesco monstro em Cloverfield, é muita ousadia esperar que o público se assuste com pedras. (Nota 4: sim, eu tenho medo de pedras, grito de forma feminina e corro freneticamente no primeiro contato com uma).
Pior mesmo é acreditar que a NASA precisou se pronunciar de que Apollo 18 é uma obra de ficção, e não um documentário, supostamente desacreditando na inteligência e capacidade do povo norte-americano em não compreender e distinguir bem a mensagem final. (Nota 5: os cientistas da NASA são … censurado).
…!!!
(Nota 6: uma estranha pedra na minha coleção particular – eu tenho uma, apesar do meu medo frisado na Nota 4 – acabou de se mexer).
P.S.: Não é hábito vincular críticas de terceiros, mas a de Pablo Villaça, do portal Cinema em Cena é simplesmente genial.

Compartilhe

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

3 comentários em “Apollo 18 – A Missão Proibida”

  1. o filme é bom, daria nota 6, as pedras foi algo criativo e bem bolado, pois a parti do momento em que você se vê na lua cercado por pedras e que cada uma delas pode ser extremamente perigosas(sem contar que o filme mostra bem rapidamente umas aranhas gigantes ou algo assim), da um certo desconforto, e na minha opinião o que mais contou pro filme nao sair tão ruim foi o fato do roteiro não explicar demais, deixar tudo sobreposto para que cada um tivesse sua propria conclusão, o que menos gostei do filme foi o fato do astronauta ficar infectado, ficou muito clichê e previsível, se o filme tivesse um roteiro mais elaborado e não fosse feito em found footage seria bem melhor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você também pode gostar de:

Críticas
Marcio Sallem

Kubi

Você sabe que está assistindo a um filme

Rolar para cima