Entra ano, sai ano, cá estou eu, sempre tentando adivinhar a cabeça dos mais de 8.000 votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Acertar muitas das 24 categorias não exige um Q. I. muito alto – somente o olhar apurado para o que houve ao longo da temporada de premiações -, porém surpresas sempre são esperadas, e deixei a minha para a categoria principal. And the Oscar goes to…
Melhor filme: Parasita. Eu sei, não basta ser falado em língua estrangeira, está enfrentando aquele que venceu o Sindicato dos Produtores (PGA) e o Bafta, o favorito 1917. Porém, em função do estilo de votação da categoria ser o voto preferencial ao invés do voto tradicional, sinto que aqui estará a surpresa da noite. (Se eu fosse o votante… Parasita).
Melhor diretor. Sam Mendes, 1917. Ao longo de 71 edições, apenas 7 vezes o vencedor do Sindicato dos Produtores (DGA) não levou o Oscar, então. (Se eu fosse o votante… Martin Scorsese, O Irlandês).
Melhor ator: Joaquin Phoenix, Coringa. Venceu todos os prêmios anteriores: Sindicato dos Atores (SAG), Critics’ Choice, Bafta. (Se eu fosse o votante… Joaquin Phoenix).
Melhor atriz: Renée Zellwegger, Judy – Muito Além das Estrelas. O raciocínio acima aplica-se a esta categoria, com a diferença de que a atriz também venceu o Spirit Awards ontem. (Se eu fosse o votante… Charlize Theron, O Escândalo).
Melhor ator coadjuvante: Brad Pitt, Era uma vez em… Hollywood. A mesma lógica: venceu tudo e é quem está fazendo os discursos mais divertidos das premiações. (Se eu fosse o votante… Joe Pesci, O Irlandês).
Melhor atriz coadjuvante: Laura Dern, História de um Casamento. Já está chato, mas é a mesma explicação acima. (Se eu fosse o votante… Scarlett Johansson, Jojo Rabbit).
Melhor roteiro original: Parasita, o vencedor do Sindicato dos Roteiristas (WGA) e o Bafta. Porém, tenho ressalvas: por não ser sindicalizado, Quentin Tarantino não disputou o WGA e não podemos ignorar que o autor ganhou prêmios significativos na temporada de premiações por Era uma Vez em… Hollywood, portanto, temos um páreo entre estes dois filmes. (Se eu fosse o votante… Parasita).
Melhor roteiro adaptado: Jojo Rabbit, que também venceu o Sindicato dos Roteiristas (WGA) e o Bafta. Cabe, entretanto, lembrar que Greta Gerwig foi a vencedora do USC Scripter , que premia somente obras adaptadas. A favor de Adoráveis Mulheres está a esnobada de Greta na categoria de direção, o que pode servir para atrair a simpatia de parte da Academia. (Se eu fosse o votante… O Irlandês).
Melhor fotografia: 1917. Uma das categorias mais fáceis do ano premiará o melhor diretor de fotografia em atividade, Roger Deakins, com seu segundo Oscar por uma razão: (pseudo)plano-sequência. (Se eu fosse o votante… O Farol).
Melhor montagem: Parasita. Por ter vencido o Sindicato dos Montadores (ACE) é quem tem a dianteira de um prêmio que, antes do voto preferencial, estava atrelado ao de Melhor Filme. Quem pode tirar este da Coreia do Sul é Ford vs. Ferrari que venceu o Bafta e algumas associações de críticas. O páreo está entre eles. (Se eu fosse o votante… O Irlandês).
Melhor design de produção: Era uma Vez em… Hollywood. Barbara Ling reconstruiu três quarteirões de Los Angeles para recapturar o espírito da cidade em 1969. Se isto não for o suficiente para vencer o prêmio, o filme também levou o Sindicato dos Diretores de Arte (ADG). (Se eu fosse o votante… Era uma Vez em… Hollywood).
Melhores figurinos: Adoráveis Mulheres. Esta categoria complicou de repente depois de Jojo Rabbit (Oi?) vencer o Sindicato de Figurinistas (CDG), embora acredite que a Academia corrigirá isto. (Se eu fosse o votante… Adoráveis Mulheres).
Melhores maquiagem e penteados: O Escândalo. Pesquisem no Google Charlize Theron e Megyn Kelly. (Se eu fosse o votante… O Escândalo).
Melhor trilha sonora: Coringa. É bom ir se habituando a pronunciar o nome de Hildur Guðnadóttir, que é quem receberá o prêmio nesta noite. (Se eu fosse o votante… História de um Casamento).
Melhor canção original: Rocketman. Sem um Let it Go! ou Shallow, o jeito é chutar. Se Cynthia Erivo vencer por Stand Up, a atriz, cantora e compositora acumulará o invejado EGOT (Emmy, Grammy, Oscar e Tony). Mas será que a Academia deixaria passar a chance de trazer Elton John ao palco e celebrar o esnobado Rocketman com (I’m gonna) Love me again? (Se eu fosse o votante… Rocketman).
Melhores efeitos visuais: 1917. Pensei bastante a respeito e, por mais que possa dar com os burros n’água e ver O Rei Leão levar merecidamente, eu acho que os membros da Academia votarão mesmo no favorito da noite. (Se eu fosse o votante… O Irlandês).
Melhor edição de som: 1917. Por razões parecidas com as citadas acima, a Academia deverá premiar este em vez de Ford vs. Ferrari, que venceu o Sindicato dos Editores de Som (MPEG). (Se eu fosse o votante… Ford vs. Ferrari).
Melhor mixagem de som: 1917. Filmes de guerra tendem a ser favoritos nesta categoria e, se existisse um para vencê-los, seria aquele passado nas pistas de autovelocidade, Ford vs. Ferrari, que também levou o Sindicato da categoria (CAS). (Se eu fosse o votante… Ford vs. Ferrari).
Melhor animação: Klaus. A maré mudou, digamos assim, após a animação da Netflix vencer o Annie Awards (o Oscar da animação) e o Bafta. Parecia que Toy Story 4 seria o favorito, mas talvez os membros votantes estejam cansados de brinquedos falantes. (Se eu fosse o votante… Perdi meu Corpo).
Melhor filme internacional: Parasita. Ué, está indicado a melhor filme. (Se eu fosse o votante… Parasita).
Melhor documentário: American Factory. É o norte-americano solitário a disputar o Oscar com sírios, brasileiro e macedônios. É também produzido pelos Obama. Meu coração, claro, está com Democracia em Vertigem, porém se houvesse um azarão, este seria For Sama. (Se eu fosse o votante… For Sama).
Melhor curta-metragem: The Neighbor’s Window.
Melhor curta-documentário: Learning to Skateboard in a Warzone (If you’re a Girl).
Melhor curta-animado: Hair Love.
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Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.