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Noite Passada em Soho – Crítica sem spoilers

Crítica:

Alguns diretores parecem incapazes de produzir filmes abaixo da média, e Edgar Wright é um destes. Após os excelentes Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso, Scott Pilgrim contra o Mundo, Heróis de Ressaca e Em Ritmo de Fuga, Edgar comanda um terror feminista com elementos nostálgicos que viaja, com desenvoltura e fantasia, da Londres contemporânea à do final dos anos 60.

Entretanto, mesmo com o roteiro co-escrito por Krysty Wilson-Cairns (indicada ao Oscar por 1917), talvez Edgar não fosse a melhor escolha para dirigir Noite Passada em Soho. Não que o diretor não seja apto a transformar a narrativa em um amargo pesadelo, investindo pesadamente em decisões estilísticas para produzir um efeito devastador, é que a presença dele inevitavelmente provoca uma pergunta: seria um homem a pessoa adequada a comandar um conteúdo tão caro ao feminismo?

Enquanto deixo para vocês responderem a pergunta, Noite Passada em Soho conta a história de Eloise (a neozelandesa McKenzie, de Sem Rastros e Tempo), uma jovem apaixonada pelos anos 60 em razão da herança cultural da avó, com quem mora desde o suicídio de sua mãe, que aparece como um anjo da guarda que a acompanha. Ao ser aceita em uma faculdade de moda em Londres, Eloise é recepcionada por um taxista que se autodenomina “seu primeiro assediador”. Na república estudantil, é mal recebida pelas colegas.

Eloise então procura um lugar para morar a sós e se torna inquilina do apartamento de Ms. Collins (Rigg). Lá, sob as luzes néon, descobre que pode visitar os anos 60, em que se enxerga em Sadie (Taylor-Joy, de O Gambito da Rainha e A Bruxa), a versão idealizada e mais descolada de si mesma. Eloise aceita o acordo de ser a espectadora de Sadie, que tenta se firmar como vedete na concorrida cena de Londres, com a ajuda de Jack (Smith, de The Crown). Contudo, o sonho azeda quando Sadie é apresentada ao mundo do entretenimento e submetida a toda espécie de abuso.

Edgar Wright enfatiza este horror de luzes néon, taças de champanhe, homens asquerosos, ruas escuras e clubes hostis a partir da decupagem intensa, que maximiza a angústia de ser testemunha mas não poder fazer nada a respeito. Com exceção de um ou outro enquadramento infeliz, durante a exibição no palco, Edgar jamais fetichiza o sofrimento de Sadie, cuja autoconfiança é devorada por estes homens-hiena. A dor dela transborda ao mundo real e é captada pela mediunidade de Eloise, que se torna vítima por reflexo, literalmente, enquanto tenta buscar alguma justiça a Sadie.

Confira mais em
https://cinemacomcritica.com.br/2021/11/noite-passada-em-soho/

Diretor: Edgar Wright
Elenco: Thomasin McKenzie, Aimee Cassettari, Michael Ajao, Synnove Karlsen, Jessie Mei Li, Kassius Nelson,Rebecca Harrod, Terence Stamp,Elizabeth Berrington, Diana Rigg, Anya Taylor-Joy, Matt Smith,

Márcio Sallem
Crítico de Cinema / Critics Choice / Abraccine / OFCS / Fipresci
@ cinemacomcritica

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Marcio SallemCrítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação

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