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Metal Lords

Metal Lords

98 minutos

Comédia colegial celebra o heavy metal

Metal Lords não é uma comédia adolescente heavy metal, ou melhor pós-death metal, mas tampouco seria esperado que este lançamento da Netflix tivesse a pretensão de adotar, em termos formais, o gênero musical que inspira as personagens. No lugar da rebeldia formal, a adaptação da convenção deste tipo de filme à particularidade do gosto musical de Kevin (Martell) e Hunter (Greensmith), adolescentes invisíveis cuja tarefa é permanecerem autênticos ante uma sociedade conformista que tenta silenciá-los. O rock pauleira – era assim que chamavam quando era adolescente – poderia ser o gaming de ontem no mesmo cenário escolar só que com menos tecnologia.

Nada é original no roteiro de D. B. Weiss, um dos criadores de Game of Thrones (!), mas é abundante a singela honestidade de uma história que não tenta ser o que não é, enquanto convida o espectador à reflexão. Kevin e Hunter decidem disputar a batalha de bandas com o heavy metal menos atraente do que a baladinha de Ed Sheeran, mas ainda precisam contratar um baixista. Esta procura parece haver acabado quando Kevin conhece Emily (Hainsworth), uma adolescente que tem problemas de saúde mental, mas que é uma violoncelista hábil. Kevin só precisa convencer Hunter de que Emily é a peça que faltava na banda.

Metal Lords Review: Love Letter to Heavy Metal Fails to Rock
Adrian Greensmith ou Gene Simmons?

Nessa jornada, Hunter lida com o bullying e a distância com o pai, temas só pincelados pelo roteiro, enquanto Kevin aprimora o talento na bateria mais rápido do que Lars Ulrich aprendeu a manusear as baquetas e se relaciona com Emily. A personagem inspira cautela: se os adolescentes não exigem maior zelo, não é o caso dela que tem doença ou transtorno psíquico não especificado. O roteiro desconhece a melhor abordagem e permanece na corda bamba desconfortável de quem reconhece se tratar de tema sério embora sem saber, ao certo, como agir. Kevin e Emily têm sintonia e a garota logo deixa de tomar os medicamentos controlados; após, Hunter provoca Emily que reage de modo violento.

A preocupação de D. B. Weiss com a inclusão é louvável: o ator com síndrome de down Christopher M. Lopes interpreta um colega de classe de Hunter que curte rock ‘n roll, a diretora da escola é uma mulher negra, mais empática do que o estereótipo, mesmo que presa à institucionalidade do cargo. O roteiro tenta tornar mais simpáticas as personagens coadjuvantes, como o líder da banda rival, que nada tem de rival, ou a garota que Kevin encara em uma festa. Já a direção de Peter Sollett (de Nick & Norah: Uma Noite de Amor e Música e Amor por Direito) é protocolar e não acrescenta muito à encenação. Tem momentos divertidos, como o movimento de câmera que funciona como punch line ao revelar que Hunter estava assistindo a um tutorial de YouTube, apesar de a narrativa andar no esperado e encerrar, como previsto, no número musical com consequências inesperadas.

D.B. Weiss and Tom Morello's 'Metal Lords' Is the Right Rock Pairing -  Netflix Tudum
Jaeden Martell, de Stranger Things a rock star

Jaeden Martell adiciona um a mais no jovem disputado por uma amizade controladora, que acredita ter a melhor intenção quando dita a forma que deve se comportar, e por um interesse romântico. A hesitação na banheira de hidromassagem é inesperada para quem esperava a realização do clichê, mas é de Adrian Greensmith que devo falar. O estreante lembra Marilyn Manson, na juventude, com a atitude (e maquiagem) do Gene Simmons, mas logo a postura decidida revela um olhar fragilizado de quem buscou, no heavy metal, a maneira de superar a inadequação social e família e ancorar suas expectativas de amadurecimento no gênero musical.

Por causa desse ponto de vista, Metal Lords pode se dar ao luxo de ser menos heavy metal do que desejável. Afinal de contas, fala sobre a visão utópica do gênero musical por um adolescente, antes de lhe contarem acerca do sexismo ou homo erotismo não tão implícitos assim. A ambição dele está em sobreviver ao ensino médio enquanto preserva quem é. Já a ambição da narrativa é somente ser um entretenimento que pode, ou não, ajudar este ou aquele a refletir acerca de quem é.

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