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Meu Pai é um Perigo

3/5

Meu Pai é um Perigo

2022

90 minutos

3/5

Diretor: Laura Terruso

Não é de hoje que o cinema aposta em histórias sobre diferenças culturais e sociais dentro de um relacionamento amoroso. Algumas até premiadas pelo Academia, como foi o caso de Adivinhe Quem Vem para Jantar, que recebeu o Oscar de Melhor Roteiro e Melhor Atriz (Katharine Hepburn) e foi indicado a outros sete prêmios. Muitas dessas histórias deixam de lado o drama e abraçam a comédia para envolver o público, como A Família da Noiva, Casamento Grego e Certas Pessoas.

Meu Pai é um Perigo também aposta no humor para celebrar as diferenças que podem unir casais. No filme, Sebastian Maniscalco interpreta uma versão fictícia de si, trazendo um quê biográfico para essa comédia que pretende celebrar sua experiência como um filho de pais Sicilianos crescido em Chicago. Seu personagem pretende pedir a mão da namorada rica (Leslie Bibb) com o anel de sua avó. Mas seu plano se depara com a condição de seu pai, Salvo (Robert De Niro) em conhecer e aprovar a família de sua pretendente.

De Niro, como era de se esperar, está impecável! Sua presença eleva a qualidade do filme. Como Salvo, ele traz carisma e rabugice de forma equilibrada. Esse tipo de comicidade que De Niro imprime é parecida com a experimentada em outros personagens como Paul Vitti, de A Máfia no Divã, e Jack Byrnes, de Entrando numa Fria. Mas meu pai é um Perigo ainda nos presenteia com a imagem de um De Niro cabelereiro, de rabo de cavalo, em plenos anos 80 – Uma mistura de Zohan com Miami Vice.

O primeiro encontro entre famílias de contextos distintos tiraria o sono de qualquer pretendente. Ainda mais com o abismo socioeconômico existente entre imigrantes italianos que se dedicaram para proporcionar aos filhos uma vida com mais oportunidades do que tiveram e donos de redes hoteleiras herdeiros da aristocracia escravagista americana. A comédia envereda nas caricaturas de ambos os lados para provocar o riso e acerta em suas escolhas. Ainda mais quando traz para o papel de Tigger, a sogra política, um outro rosto conhecido: Kim Catrall, a Samantha de Sex and the City. A matriarca é imponente e controladora, mas rende boas risadas quando interage mais de perto com o personagem de De Niro. Seus filhos são o reflexo da “meritocracia” e do “desprendimento material” dos herdeiros de impérios. Seu marido, um homem dócil, mas que não possui voz em nenhuma decisão.

Acredito só que o casal que intersecciona esses dois polos dos EUA dentro da narrativa que não tenha tanto apelo. Bibb soa genérica e Maniscalco, de alguma forma, não aparenta ser a melhor escolha para interpretar a si próprio (para minha surpresa, descobri que ator e personagem possuíam o mesmo nome. Mas consigo imaginar o mesmo papel sendo mais bem aproveitado com o rosto de outros atores). Sebastian não parece se desesperar ou envergonhar de maneira genuína. Seus melhores momentos precisam envolver ferramentas como um helicóptero ou um propulsor. Nos momentos com seu pai, Sebastian acaba funcionando apenas como escada. Ouso até mesmo dizer que o início soa um tanto forçado, até a chegada do velho italiano.

Apesar das boas risadas, algumas situações acabam sendo previsíveis, por mais absurdas que pretendem ser. Sinto também que o humor poderia pesar mais a mão em piadas políticas, relacionadas à luta de classes. Ao invés disso, o filme busca se concentrar em um discurso mais conciliador. Afinal, os chefes de família procuram sempre proporcionar o melhor para seus rebentos.

O problema maior de Meu Pai é um Perigo é ser quase impossível não o comparar com outras produções que brincam com esse enredo. A presença de Robert De Niro, por melhor que seja, faz com que sejamos lembrados da franquia Entrando numa Fria. Como dito anteriormente, Salvo possui traços de personalidade semelhantes aos de Jack Byrnes. Dessa maneira, mesmo rendendo um bom divertimento familiar, Meu Pai é um Perigo deixa um gostinho de reprise.

Meu Pai é um Perigo está em exibição nos cinemas.

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