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Sobrenatural – A Porta Vermelha

3/5

Sobrenatural – A Porta Vermelha

2023

107 minutos

3/5

Diretor: Patrick Wilson

A franquia Sobrenatural chega ao seu quinto filme, agora com a direção de Patrick Wilson que também protagonizou os dois primeiros longas da série. Sobrenatural – A Porta Vermelha se passa dez anos após os eventos do segundo filme. A trama já não é centrada em toda a família Lambert, mas nas figuras de Josh (Patrick Wilson) e Dalton (Ty Simpkins). O menino que havia sofrido uma possessão demoníaca se transformou em um jovem adulto a caminho da faculdade, aonde voltará a ter contato com o outro mundo (The Further).

O filme se divide entre a atmosfera de terror e o drama familiar. No enterro de um familiar, percebemos que Josh e Renai (Rose Byrne) estão separados. A relação de Josh com Dalton também é um fiasco. E numa tentativa de reatar os laços entre pai e filho, Renai sugere que Josh acompanhe Dalton até a faculdade de artes. Ambos os personagens não conseguem estabelecer comunicação entre si, e se comportam como assombrações no mundo um do outro. Essa desconexão também é resultado de um apagamento dos eventos traumáticos estabelecidos a partir de hipnose. Durante uma aula de artes, ocorre um desbloqueio do subconsciente que permite com que Dalton tenha visões macabras e visite o outro mundo. Paralelamente, seu pai começa a ter visões enquanto investiga sua saúde mental e se depara com o passado de seu pai que acreditava que o tivesse abandonado.

Dalton (Ty Simpkins) encara o mal em uma nova etapa de sua vida.

Sobrenatural – A Porta Vermelha consegue dar novas camadas à franquia incorporando drama familiar ao terror. A incomunicabilidade e o rancor entre gerações costuram o enredo desse quinto filme como uma metáfora para os traumas de infância em famílias disfuncionais que precisam ser aprofundados para poderem ser superados. É claro que essa questão mais psicológica não é aprofundada. Mas ainda assim, o desenrolar do filme é ligado às memórias dos protagonistas. É interessante essa nova dinâmica, pois, além de impedir que seja mais uma repetição dos primeiros filmes, ele coloca os protagonistas num cenário desconhecido em que o mal continua à espreita.

Além das vivências apagadas do mundo sobrenatural, o mundo da faculdade traz um frescor a série por permitir a inserção de novos personagens à trama. É o caso de Chris Winslow (Sinclair Daniel), a nova colega de quarto de Dalton. Chris traz um contraste interessante em parceria com Dalton. Enquanto o aprendiz de arte é sombrio, a estudante de exatas transborda vivacidade. Ela também se mostra mais preparada para encarar o mal da misoginia que assombra o nosso plano. O filme consegue pincelar esse tema sem parecer panfletário, rendendo ainda uma cena que funciona como alívio cômico à tensão que se mantém ao longo da narrativa.

A direção do estreante Patrick Wilson é competente. Ele consegue trazer sua experiência como ator para explorar a dramaticidade das cenas de conflito. No geral, o diretor emula algumas assinaturas de James Wan, o diretor original da franquia, quando explora o som para amplificar o medo, além de optar por uma fotografia com planos zenitais e contrastes que aproximam o personagem ao olhar do expectador. Apesar da atmosfera macabra do filme, também aposta no jump scare para nos tensionar na poltrona. Ainda que seja uma continuação satisfatória, o filme não consegue alcançar o feito de Wan, cuja construção de medo se mantém para além da duração do filme. Acredito que isso se deva pelas figuras demoníacas não trazerem novidade. Quando possuídos, os personagens parecem um pastiche de Jack Torrance, de O Iluminado, e Regan, de O Exorcista. Ainda assim, Sobrenatural – A Porta Vermelha nos arranca bons sustos e nos surpreende com um enredo diferente da proposta original.

Sobrenatural – A Porta Vermelha estreou dia 06 de julho nos cinemas.

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