1º Festival de Cinema de Xerém: Um Resumo

Entre os dias 08 e 11 de maio aconteceu o 1º Festival de Cinema de Xerém, um distrito do município de Duque de Caxias, localizado na baixada fluminense do Rio de Janeiro. O evento foi uma realização da EBAV – Escola Brasileira de Audiovisual em parceria do Instituto Zeca Pagodinho, e exibiu mais de 33 filmes entre longas e curta metragens. O sambista, além de patrono do evento, também serviu de modelo para a confecção do prêmio que chegou a ser apelidado de “Oscar da Baixada”.

É importante destacar que, atualmente Xerém não possui uma sala de cinema, e todas as projeções foram feitas no interior do Centro de Convenções John Wesley, local de realização das cerimônias e projeção dos filmes. Muitos dos moradores jamais estiveram em uma sala de cinema e o festival já prova sua importância ao proporcionar essa primeira experiência. Vale ressaltar também que, na contramão dos cinemas de ruas que são fechados para dar lugar a igrejas, o Festival de Cinema de Xerém transformou uma igreja em um cinema. E ainda exibiu e premiou produções com protagonismo LGBTQIAPN+ ou com elementos de religiões de matriz africana. Para o idealizador e produtor Sérgio Assis, uma das grandes recompensas foi poder ver a animação das crianças ao assistir a mostra infantil. Ainda acrescenta que muitas delas ainda apresentaram interesse em trabalhar com cinema, tanto a frente quanto atrás das câmeras. Também foi um marco para a população de Xerém reconhecer sua vizinhança como cenário de algumas das histórias contadas. Isso só foi possível graças a exibição dos curtas produzidos pelos alunos da EBAV, na mostra exclusiva Cinema Leva Eu – que recebe o nome do projeto social promovido pela Escola.

A abertura do Festival contou com a exibição da Mostra Competitiva Fluminense Baixada, exibindo os curtas-metragens Caxiense F.C, Elas por Elas, Minha Vida é uma Série e Pássaro Memória. Também foi exibido o longa metragem Três Verões, protagonizado pela homenageada da noite, Regina Casé. A atriz chegou ao evento concedendo entrevista aos jornalistas no tapete vermelho, seguindo para a mais descontraída cerimônia de homenagem. Estava mais do que claro que Zeca Pagodinho, seu amigo de longa data, não tinha nenhum roteiro consigo. “Fala alguma coisa, fala bem de mim…que gosta da minha casa na Bahia…O Zeca tá reclamando que a estátua tem barriga”, apresentou a própria homenageada. O patrono fez questão de entoar o mais eloquente discurso durante a entrega do troféu que reproduz sua imagem: “Pra você, Regina!”, fazendo a plateia gargalhar. Como a própria atriz lembrou, o sambista apressou até o padre durante seu casamento. Não ia ser ali que ele decidiria ser diferente, não é mesmo?

O festival ofereceu, para além de exibição de filmes, diversas oficinas, debates com realizadores dos curtas exibidos e masterclasses com convidados. Esses encontros aconteceram na sede da EBAV e no Instituto Zeca Pagodinho. A oficina “O Poder Mágico do Cinema”, ministrada pelo ator Marcello Gonçalves rendeu a produção de um curta metragem realizado com a estrutura oferecida pela própria EBAV. As masterclasses, por sua vez, levaram conhecimentos de diferentes setores do mercado audiovisual. Vlad Aguiar trouxe o uso da Inteligência Artificial como aliada dos filmakers; Cavi Borges, com sua vasta experiência em produção e distribuição, direcionou às redes colaborativas como um caminho para a produção independente; o ator Leandro Santanna expandiu o olhar sobre territorialidade e como incorporá-la ao ser artista.

O penúltimo dia do Festival de Cinema de Xerém homenageou outra importante figura da indústria cinematográfica brasileira: Hsu Chien. O cineasta de origem taiwanesa assina mais de 100 títulos, em diversas funções. Este ano o diretor está lançando simultaneamente dois longas-metragens com a mesma data de estréia: Morando com o Crush e De repente, Miss!. Para celebrar seu trabalho, o festival exibiu Desapega!, que conta com Glória Pires e Maisa vivendo mãe e filha em uma comédia sobre comportamento compulsivo. Em sua homenagem foi possível ver o cineasta se emocionando enquanto assistia a montagem com trechos de seus filmes, além de imagens de arquivo de entrevistas e fotografias de seu acervo particular. Antes de entregar o “Golden Zeca”, Sérgio Assis fez questão de enaltecer a generosidade do cineasta e a sua contribuição na formação de novos profissionais do cinema.

Em seu encerramento, o 1º Festival de Cinema de Xerém concluiu suas exibições com a Mostra Competitiva Especial da Crítica de Curtas.  Houve também uma homenagem ao cineasta Guilherme Fiuza Zenha, realizador da animação Chef Jack – O Cozinheiro Aventureiro (exibido na Mostrinha Infantil) e que compunha um dos juris do festival, mas que veio a falecer no mês anterior. A cerimônia de encerramento também contou com a premiação das mostras, em diferentes categorias. O curta Firmina foi o grande destaque da noite, levando consigo cinco troféus Zeca Pagodinho, além do Prêmio Edna Fujii, que oferece R$ 8.000 (oito mil reais) em serviços de locação de equipamentos fornecidos pela NAYMOVIE.

PREMIAÇÕES

Mostra Competitiva Fluminense Baixada (Clique aqui para saber mais)

Melhor Filme: Pássaro memória;

Melhor Direção: Renata Silva, por Elas por Elas;

Melhor Roteiro: Elas por Elas;

Melhor Fotografia: Pássaro memória;

Melhor Direção de arte: Minha vida é uma série;

Melhor Montagem: Elas por Elas;

Melhor Atriz: Ayla Gabriela, em Pássaro Memória;

Melhor Ator: Maurício Lage, em Minha Vida é uma Série;

Melhor Filme pelo Júri Popular: Pássaro Memória.

Mostra Competitiva Cinema Leva Eu (Clique aqui para saber mais)

Melhor Filme: 9 Horas em Deodoro;

Melhor Direção: Dorgo DJ, por 9 Horas em Deodoro;

Melhor Direção de Arte: Quem Faz o Rio;

Melhor Fotografia: Carnaval Caos;

Melhor Roteiro: FNM – A Vila de Operários;

Melhor Montagem: Pé de Cabra;

Melhor Som: Dandara;

Melhor Trilha Sonora: Dandara;

Melhor Atriz: Maju Brito, em Odisseia Fluminense;

Melhor Ator: Lucas Leal, em Ninguém Via;

Melhor Filme pelo Júri Popular: FNM – A Vila de Operários.

Mostra Competitiva Nacional de Curtas (Clique aqui para saber mais)

Melhor Filme: Firmina;

Melhor Direção: Leonardo Hecht e Vinícius Fernandes, por Lubrina;

Melhor Roteiro: Quintal;

Melhor Fotografia: Firmina;

Melhor Direção de Arte: Firmina;

Melhor Montagem: Lubrina;

Melhor Atriz: Teca Pereira, em Firmina;

Melhor Filme pelo Júri Popular: Firmina.

Mostra Competitiva Especial da Crítica de Curtas (Clique aqui para saber mais)

Melhor Filme: Chamado;

Melhor Direção: Nina Tedesco, por Vermelho–oliva;

Melhor Roteiro: Como Matar uma Boneca;

Melhor Fotografia: Emaranhadas;

Melhor Direção de Arte: Cartas Para Nossas Netas;

Melhor Montagem: Divina;

Melhor Atriz: Madu Olimpio, em Água viva;

Melhor Ator: Alexandre da Silva, em Rei Davi.