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Crítica | Nova York, Eu Te Amo

Antologias são narrativas irregulares por natureza diante da improbabilidade de que todas as histórias tenham o mesmo impacto e força. Este Nova York, Eu Te Amo, colaboração de 11 diretores e mais uma penca de roteiristas e atores, não foge a regra, mas surpreende positivamente. Usando a cidade de Nova York como pano de fundo para conhecermos inúmeros personagens – assim como foi feito em Paris, Eu te Amo – este filme caracteriza-se pela enorme consistência obtida entre os diversos segmentos, mesmo que algumas se sobressaiam aos demais. Na verdade, em essência todas as histórias são variações de contos de amor: romances, encontros casuais, amor entre pai e filho, amores platônicos, amor pela cidade. A selva de concreto desempenha, desta maneira, ponto de encontro para etnias, personalidades, sonhos, desejos e angústias que em qualquer outro lugar do mundo isto não aconteceria.

Começando com um duelo entre dois homens com habilidade de furto, vividos por Hayden Christensen e Andy Garcia, o segmento dirigido por Jiang Wen, conta com cores quentes ilustrando a vivacidade no duelo entre os dois. Mas, não se preocupem, não começaria a enumerar todas as histórias, o que seria um exercício infrutífero e maçante, mas vou me ater apenas àqueles momentos/segmentos que mais gostei.

Como o belo jogo de palavras do segmento de Yvan Attal, em que homem (Ethan Hawke) tenta convencer uma mulher (Maggie Q) a ir para a cama com ele, e cujo desfecho, com apenas uma frase, é de uma sutileza e convicção excepcionais.

Já o segmento dirigido Allen Hughes, em que homem (Bradley Cooper) e mulher (Drea de Matteo) se questionam do impacto que uma noite de amor pode ter tido em suas vidas tem uma intensidade grande na possibilidade de nunca mais reviver aquele momento. Um exercício em estilo marcante do diretor com uma estrutura narrativa audaciosa e uma fotografia cativante.

Por sua vez, Natalie Portman estreia como diretora na história em que vemos o amor entre pai e filha abordado com delicadeza, segurança e uma boa crítica ao racismo. Este além de ser um dos melhores cartões postais do filme apresenta um desfecho em prol da sutileza, o que sempre é bem vindo.

Enfim, o melhor segmento é o dirigido por Shekhar Khapur, e nos traz um abstrato e misterioso conto de uma ex-cantora (Julie Christie) que desenvolve um pequeno relacionamento (não-amoroso) com o mensageiro do hotel (Shia LaBeouf, em uma atuação marcante). Aliás, este segmento joga com o poder da imaginação do espectador através de belos planos, como o véu de uma cortina, ou o fascínio por reflexos de espelho.

Amarrando elegantemente os segmentos em seus minutos finais com uma bela rima visual, Nova York, Eu te Amo, não se cansa de declarar seu amor à cidade que mescla personagens de todos os lugares do mundo em infindáveis histórias de amor e paixão.

Avaliação: 4 estrelas em 5.

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2 comentários em “Crítica | Nova York, Eu Te Amo”

  1. Esse e foi um filme bobinho que assiste por incrivel que pareca semana passada, mas que me manteve intretida no filme pelas mudancas de estorias que ao mesmo tempo e uma somente. E um pouco de humor. Pode-se dizer que foi um filme inteligente. Mas me perdoe os que amam NY pois eu gosto mesmo da Florida kkkkk!!!!!

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