A história gira em torno de Darren (Chris Massoglia) e Steve (Josh Hutcherson), amigos que visitam o circo e se envolvem em uma espiral de situações que culminam na transformação de Darren em vampiro e de Steve em seu arqui-inimigo. Ok, isto é telegrafado nos primeiros vinte minutos, então não estou entregando muita coisa. Aliás, este antagonismo que irá surgir entre melhores amigos é um dos poucos pontos interessantes na adaptação.
Boa parte do insucesso deve-se ao diretor Paul Weitz – irmão de Chris Weitz que, coincidentemente, dirigiu outra adaptação (ruim) de vampiros, Lua Nova – que não sabe se está comandando um terror, uma comédia, ou apenas algo bastante desagradável. Produto mais adequado para alguém como Tim Burton, a decisão de mostrar uma aranha mesclada ao sangue de Darren não leva a nada e sequer justifica a atração do jovem por aranhas, algo que permanece inexplicado.
Investindo em um humor baixo, Weitz insiste em exibir um lobisomem se coçando para arrancar risos fáceis. Ele não se saí melhor nas cenas de briga, terrivelmente mal montadas e dirigidas com ares de infantilidade. Piora quando Weitz aposta em enquadramentos com excesso de closes e perda de foco. Ao menos, ele se saí melhor, pontualmente, ao ilustrar os movimentos de Octa com uma câmera livre e fluida.
Falhando também nas referências, Harkat e os demais de sua espécie parecem Gollum e o misterioso Mr. Tiny um Fester Adams piorado. O roteiro de Brian Helgeland e Paul Weitz é apressado demais saltando de situação a outra sem cuidado de fecho, e isto é notório na súbita decisão de Darren de virar vampiro e morrer para a vida normal e, óbvio, no final – aliás, que final? – que sequer serve para encerrar apropriadamente a narrativa.
Destacando-se positivamente ao menos a maquiagem, o mesmo não posso dizer do gás que nocauteia humanos ou dos borrões que se tornam os vampiros quando correm. Elementos diversos que servem apenas para sepultar esta insípida adaptação.
Avaliação: 2 estrelas em 5.
Crítico de cinema filiado a Critics Choice Association, à Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Online Film Critics Society e a Fipresci. Atuou no júri da 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo/SP, do 12º Fest Aruana em João Pessoa/PB, do 24º Tallinn Black Nights Film na Estônia, do 47º TIFF – Festival Internacional de Cinema em Toronto. Ministrante do Laboratório de Crítica Cinematográfica na 1ª Mostra Internacional de Cinema em São Luís (MA) e Professor Convidado do Curso Técnico em Cinema do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA), na disciplina Crítica Cinematográfica. Concluiu o curso de Filmmaking da New York Film Academy, no Rio de Janeiro (RJ) em 2013. Participou como co-autor dos livros 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 2016), Documentário brasileiro: 100 filmes essenciais (Letramento, 2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (Letramento, 2018). Criou o Cinema com Crítica em fevereiro de 2010 e o Clube do Crítico em junho de 2020.