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Crítica | Um Sonho Possível

Anualmente Hollywood produz pelo menos meia dúzia de dramas esportivos: do basquete ao futebol americano. Esses filmes buscam conquistar o espectador através de inúmeros obstáculos que seu herói deverá superar até atingir seu objetivo. Porém, nenhum nesse ano alcançou a expressiva marca na bilheteria americana de Um Sonho Possível e o porquê disto permanece um mistério que não consegui desvendar ao longo de seus 130 minutos deste filme.Após um prólogo excessivamente técnico narrado por Leigh Anne (Sandra Bullock) que explica a função do left tackle, a narrativa nos leva a um interrogatório com o único intuito de nos deixar apreensivos pelo destino de Michael Oher (Quinton Aaron). A verdade é que esta história real não faz jus ao menor obstáculo que Oher e Leigh Anne podem ter superado em suas trajetórias lutando contra o olhar preconceituoso da sociedade.

Mas, o que esperar de uma produção que justifica a importância da educação de Oher só como justificativa para ingressar no time de futebol americano? Ou que discute o racismo superficialmente em uma mesa de socialites e em uma arquibancada de jogo? Até a caridade da família Tuohy carece de verossimilhança e em momento algum – eu digo nenhum MESMO – alguém expressa o mínimo de desconforto com a chegada de seu novo membro. Talvez porque ele seja insistentemente comparado a Ferdinando, o brincalhão touro das histórias infantis que não gostava de brigar.

Adaptado e dirigido por John Lee Hancock, a narrativa abusa da inverossimilhança, e durante a compra de roupas para Oher, um vendedor critica seu excesso de peso, provocando espanto porque Leigh Anne aceita ainda comprar naquela loja depois da ofensa. O filme até mesmo subverte as regras do esporte, com a menção de falta de combatividade. Hancock está tão perdido que ele gasta 30 minutos em um interlúdio de visitas bonitinhas a faculdades e nas aulas particulares com a Miss Sue (Kathy Bates) sem mover a história para a frente.

E que história estamos falando, se o conflito principal do protagonista só é revelado nos 20 minutos finais quando os personagens ganham alguma profundidade. Até porque a caridade é uma moeda de duas faces: o caridoso tem a recompensa na gratificação pessoal que se confunde com vaidade, às vezes (ou na maioria das vezes?). E se Um Sonho Possível é suportável, deve-se exclusivamente a Bullock que realmente está bem – mas não o bastante para ganhar o Oscar de Meryl Streep ou Gabourey Sidibe – e consegue pontuar bem a convicção e determinação daquela mulher, sem mascarar a dubiedade daquele belo sentimento.

Histórias de superação e vitória como a de Michael Oher são agradáveis, mas não se traduzem sempre em bons filmes. Se isto o faz sair com um sorriso do cinema, sinta-se convidado. Causou-me só decepção!

Avaliação: 2 estrelas em 5.

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2 comentários em “Crítica | Um Sonho Possível”

  1. Ah! Eu adorei o filme. Água-com-açucar é bom de vez em quando. Concordo que Sandra estava bem, mas não a ponto de merecer um Oscar, mas se Gwyneth Paltrow ganhou por Shakeaspeare in love, não duvido de nada. =)

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