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A Princesa

The Princess

94 minutos

Joey King é donzela perigosa em aventura empolgante

No reino de tão tão distante, A Princesa acorda no alto da torre, acorrentada e vestida para se casar com o Lorde Farqua… digo, o Príncipe Encantado, que aprisiona rei, rainha, filha e membros da corte e deseja tomar o reinado à força. Para fugir da torre e salvar a família, a Princesa depende de aliados e das habilidades em artes marciais e em lutas de espada que desenvolveu longe do olhar do pai (mas não da mãe). 

Com a direção do vietnamita Lê Văn Kiệt (de A Fúria), o roteiro escrito pelos estreantes Jake Thornton e Ben Lustig dilui a abordagem militante em forma de ação. Se Operação: Invasão assistiu a Rama desbravar os andares que o separavam da luta final, a Princesa (King) realiza o contrário: precisa ser a salvadora de si mesma, descer os andares da torre onde está aprisionada, lutar contra os soldados truculentos de Julius (Cooper), inclusive a amante Moira (Kurylenko), e reaver o reino da família. 

Joey King destaca-se em razão da entrega e do comprometimento nas cenas de ação, que a transformam de donzela em perigo em donzela perigosa. Com o auxílio mínimo de dublês, a atriz dança o balé marcial com inversão de eixo, emprego de cabos – depois editados em pós-produção – e, o essencial, ênfase no esforço físico e na exaustão por enfrentar dúzias de homens, vestidos ou não em armaduras, com ou sem escudos, às vezes de uma só vez. A ideia é que a luta e a combatividade definem a Princesa mais do que a aliança que o pai e Julius desejavam que tivesse no dedo. 

Com o passar da aventura, o vestido de casamento dela, branco e imaculado como se espera das princesas da Disney, começa a ser customizado para se adaptar à guerreira que é. Além dos rasgos das mangas ou da saia longa para facilitar a movimentação e o manejo de espada, o alvo começa a ser tingido de suor, sujeira e sangue, a ponto de equivale ao marrom que vestia quando treinava ao ar livre com Linh (Ngo). Ela e o pai, Khai (Kamiyasu), encenam o estereótipo batido do asiático nobre e hábil em artes marciais, um elemento necessário na trama, e desestimulante se considerada a temática progressista da narrativa. Nessa esteira, o humor às custas do soldado gordo anda na contramão da proposta, já que não adianta derrubar preconceitos do lado da protagonista e ser opressivo do outro. 

Ao lado disso, o roteiro tenta ser politicamente relevante, enquanto disfarçado de cinema de época, ao elogiar governos acolhedores contra governos xenofóbicos. Menos sorte tem ao bater na mesma tecla de casamentos arranjados e princesas livres, assunto debatido com maior qualidade em trabalhos anteriores (Mulan e Valente). 

De toda maneira, A Princesa é menos sobre o que discute ou a originalidade disto, e mais sobre como discute, ao empregar a linguagem da ação e das artes marciais como o diálogo possível contra quem tenta conservar tradições e anacronismos que apenas favorecem uma metade da sociedade, às custas do silenciamento da outra no arquétipo de esposa perfeita, princesa encantada, bruxa má, decidam. Ao abraçar a ação e relegar o restante ao segundo plano, Lê Văn Kiệt concentra-se no que melhor realiza e transforma sua aventura de época em algo breve, empolgante e divertido.

A Princesa está disponível no catálogo da STAR+

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