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2ª Edição do Festival de Cinema de Vassouras, no Vale do Café – Um Breve Resumo

O Vale do Café tem muito mais a oferecer do que a paisagem bucólica, seu passado histórico e o principal expoente. A cultura, mais especificamente a sétima arte, é reverenciada pela segunda vez através do Festival de Cinema de Vassouras. Idealizado pelos irmãos Bruno e Jane Saglia, o festival ocorreu entre os dias 16 e 24 de junho. Durante esses nove dias, foram exibidos diversos curtas e longa metragens nacionais, e todos com entrada gratuita. Além dos filmes, o festival contou com podcasts, talk shows e coletivas de imprensa. E para evidenciar suas riquezas, destinou uma ala repleta de stands com produtores, artesãos e comerciantes da região.

 A abertura do evento contou com a entrada de famosos pelo tapete vermelho, onde concederam entrevistas para os veículos de mídia. Nessa noite de estreia, houve uma homenagem especial ao veterano Antônio Pitanga. O ator foi agraciado com o Troféu Paulo José, entregue pela também veterana Nívea Maria. Em seu discurso de agradecimento, exaltou a importância da cidade para além de seu valor histórico, destacando-a como uma fomentadora do cinema nacional. Emocionado, mas não menos vigoroso, se coloca não apenas como um homem, mas como um quilombo de ideias, pessoas e talentos que abraçaram o cinema quando é homenageado. Nesse mesmo dia foram exibidos dois de seus filmes fora da mostra competitiva: Pitanga (2016), um documentário realizado por Beto Brant e Camila Pitanga, e Casa de Antiguidades (2020), uma ficção que aponta questões como racismo e colonialismo, ainda presentes no cotidiano brasileiro.

O homenageado Antônio Pitanga e seu Troféu Paulo José / Foto: Divulgação

Na mostra competitiva, foram exibidos 36 curtas-metragens e 15 longas. Vale ressaltar que alguns dos filmes exibidos são produções da região, como os casos de A Arte Singular do Vale do Café (Conservatória), Os Esquecidos (Valença), Um Café para Chamar de Seu (Pinheiral), Alice Através da Tela (Paulo de Frontin), Talvez Eu Tivesse Errado e Crioula – ambos de Vassouras. O Festival de Vassouras contou com 492 filmes de diferentes regiões do Brasil inscritos para essa edição, fazendo dele um grande fomentador das produções independentes.

Apesar desses números, contratempos foram observados durante as exibições. Alguns filmes foram interrompidos no meio, ou tiveram como imagem o descanso de tela do computador conectado enquanto apenas o áudio da obra era reproduzido. O longa Horizonte teve seu arquivo corrompido, sendo necessária uma nova data de exibição. A animação Tromba Trem: O Filme sequer foi exibida por falta de cópia da mesma. Todos esses pequenos contratempos que podiam ter sido evitados com uma exibição teste de cada filme na íntegra anteriormente ao início do evento. Acredito que ficou de aprendizado para a próxima edição, em que esses deslizes não deverão se reprisar.

Entre as atividades proporcionadas pela organização estavam os talk shows, podcasts e coletivas de imprensa. Muitos dos convidados eram realizadores, artistas e profissionais envolvidos com o audiovisual. Entre eles podemos destacar Cininha de Paula (diretora de cinema, teatro e TV), Franklin Pires (diretor do longa Terra Querida, que disputava a mostra competitiva), Emílio Domingos (diretor de A Batalha do Passinho), Wagner de Assis e Renato Prieto (Diretor e ator de Nosso Lar), Enoe Lopes Pontes (Crítica de cinema e votante do Globo de Ouro) e Renata Ishihama (Diretora de Marketing da Centauro Comunicaciones – empresa responsável pela dublagem e legendagem de diversos títulos no Brasil e na América Latina.

Talk Show com a diretora Cininha de Paula / Foto: Divulgação

Para além das fronteiras do Centro de Convenções General Sombra onde o evento acontecia, restaurantes ofereciam pratos inspirados no cinema e o comércio local tinha a sétima arte como decoração temática para participarem do concurso de vitrines promovido pelo festival. A cidade concomitantemente recebeu o 3º Encontro de Carros Antigos, que aconteceu no domingo (18) na antiga estação ferroviária. Foi possível encontrar com alguns carros do cinema, como um Maverick V8, conhecido entre os Dukes of Hazzard (Os Gatões, aqui no Brasil) e pelo chefe do clã Toretto, de Velozes e Furiosos.

A noite de encerramento também contou com diversos artistas passando pelo tapete vermelho, como a Maytê Piragibe e Hugo Bonemer que seriam os mestres de cerimônia da noite. O início da cerimônia contou com apresentações musicais dos grupos Tambores de Aço, Octeto e do músico Fernando Starkey. Em complemento à abertura, houve uma homenagem à atriz Rosamaria Murtinho, que recebeu de seu filho, João Paulo Mendonça, o Troféu Paulo José. A artista se emocionou ao lembrar que foi seu irmão, Carlos Murtinho, o responsável por lançar Paulo José no teatro, em Porto Alegre.

Ao longo das premiações da mostra competitiva com os Troféus Grão de Ouro, houve depoimentos agradecidos e um mais amargo vindo do ator Carlos Vereza, que usurpou o momento para criar rusgas com o prefeito da cidade. Mas foi logo ofuscado pela celebração dos prêmios recebidos e pela homenagem à Lílian Lemmertz. Sua filha, Júlia Lemmertz, leu um poema emocionante em forma de carta, escrito por Caio Fernando de Abreu. A atriz falecera precocemente aos 37 anos. Em 2023, caso estivesse viva, completaria 85 anos. Os filmes que despontaram em premiações foram Horizonte (o grande vitorioso da noite), Capitão Astúcia e Vermelho Monet.

A equipe do vitorioso Horizonte: o ator Raymundo de Souza, o diretor Rafael Calomeni e o roteirista Dostoiewski Champangnatte / Foto: Divulgação

Esses nove dias de festival atraíram a atenção de muitos não somente para o cinema nacional, como para a cidade de Vassouras. Sua programação começava cedo. Às 9h da manhã, o circuito de curtas era iniciado. Os longas da mostra competitiva começavam por volta das 20h e, algumas vezes, se estendiam para além das 22h – Horário em que a cidade encerrava suas atividades. Seria conveniente ou uma adequação dos estabelecimentos (principalmente os restaurantes) com o horário de término do festival, ou então uma antecipação da exibição do último filme do dia para que estivesse melhor alinhado ao horário de funcionamento do comércio da cidade.

Foi muito gratificante observar a chegada de diversos ônibus escolares recheados de crianças e adolescentes para assistir aos filmes. O fomento da cultura deve começar com a educação das novas gerações. Quem sabe, daquela constelação de potências em desenvolvimento, sai um cineasta, um intérprete ou até mesmo um crítico de cinema. Mas se a adesão entre os mais novos era feita em caravanas, entre os vassourenses mais maduros a quantidade desapontou. Pelo que pude levantar pelo comércio local, boa parte da população não estava ciente de que o acesso ao festival era gratuito. Por mais que a cidade estivesse ornada com os pôsteres dos filmes e do evento em si, faltou a mensagem “Entrada Gratuita” em destaque. Até o bom e velho carro de som conseguiria suprir essa carência informativa. Apesar de um ou outro apontamento, a 2ª Edição do Festival de Cinema de Vassouras foi um sucesso! Sua missão de pulverizar a cultura do cinema no interior do estado do Rio de Janeiro foi cumprida, e ainda nos surpreendeu com a revelação da estreia do Festival Internacional de Cinema de Paraty, confirmada para acontecer entre os dias 12 e 20 de abril de 2024. Esperamos ansiosos! Enquanto isso, celebramos os vencedores da noite de encerramento:

Troféu Grão de Ouro

Melhor longa-metragem: “Horizonte”

Melhor direção em longa-metragem: Rafael Calomeni, por “Horizonte”

Melhor atriz em longa-metragem: Ana Rosa, por “Horizonte”

Melhor ator em longa-metragem: Fernando Teixeira, por “Capitão Astúcia”

Melhor atriz coadjuvante em longa-metragem brasileiro: Alexandra Richter, por “Horizonte”

Melhor ator coadjuvante em longa-metragem brasileiro: Rafael Pereira, por “O Armário Mágico”

Melhor filme longa-metragem (Documentário): “Rosa – A Narradora de Outros Brasis”

Melhor filme longa-metragem (Animação): “Chef Jack – O Cozinheiro Aventureiro”, de Guilherme Fiúza Zenha

Melhor roteiro em longa-metragem brasileiro: Filipe Gontijo, por “Capitão Astúcia”

Melhor som em longa-metragem de ficção: “Vermelho Monet”, de Halder Gomes

Melhor fotografia em longa-metragem: “Vermelho Monet”

Melhor direção de arte em longa-metragem de ficção: “Vermelho Monet”

Melhor figurino em longa-metragem de ficção: “Vermelho Monet”

Melhor direção em longa-metragem de ficção: “Capitão Astúcia”

Melhor curta-metragem brasileiro (Ficção): “Teatro de Máscaras”, Eduardo Ades

Melhor curta-metragem brasileiro (Documentário): “Cabocolino”, de João Marcelo 

Melhor curta-metragem de ficção (Mostra Rio): “A Menina e o Mar”, Gabriel Mellin

Melhor curta-metragem Regional: “Os Esquecidos”, de Rodrigo de Souza e Antônio Carlos Silva 

Melhor curta-metragem de Animação: “Era Uma Noite de São João”, de Bruna Velden

Troféu Acessibilidade (curtas inclusivos): “Kikazaru”, de Matheus Cabral

Melhor roteiro em curta-metragem brasileiro: Renan Brandão, por “O Último Domingo”

Melhor direção em curta-metragem brasileiro: Sérgio Malheiros, por “Única Saída”

Menção honrosa dada pelo júri: “O Quarto de André”, de Tiago Barba 

Outras Premiações

Troféu Paulo José: Rosamaria Murtinho e Antônio Pitanga (entregue na Noite de Abertura e encerramento)

Grão de Ouro: Mariá Velesquez, Gerente de Filmes da Paramount Pictures Brasil e Consultora do Selo Elas.

Melhor Vitrine Temática: 1°) Baronesa, 2°) Estação Presente e 3°) Botões da Vovô

Troféu Severino Sombra: Gustavo Tutuca, Secretário Estadual de Turismo do Rio de Janeiro

Troféu Marco Capute: Projeto PESER (Prefeitura de Vassouras)

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